Slim franziu a testa. A morte parecia seguir Dennis Sharp como uma sombra. "Conheci a mãe dele," disse ele. "Sem uma análise oficial, eu diria que ela não é suficientemente sã para lidar com uma conta administrativa. Não há outros irmãos? Primos? Talvez um irmão ou irmã nascido fora do casamento que tenha sido dado para adoção?"
Ford franziu a testa. "Isso é uma coisa estranha de se dizer."
Slim deu de ombros. "Eu não estou convencido de que, por aqui, não possa haver um parente de sangue além de uma mãe."
"Uma atitude meio esnobe, não acha? Você está insinuando que as pessoas do interior não fazem nada além de reproduzirem."
Slim se inclinou para frente, preparando seu tom mais condescendente, ciente de que isso garantiria sua imagem de advogado da cidade. "E fazem?"
Ford se levantou. "Acho que acabamos, Sr. Hardy. Eu espero que minha informação seja útil." Então, com a cara virada teatralmente para cima, ele saiu andando.
13
Apesar dos avisos de Croad, depois de pegar um ônibus de volta para Scuttleworth, Slim caminhou pela aldeia. Ele subiu uma escadaria em uma trilha pública, subindo a colina até que avistou o matadouro pela primeira vez. Longe do galpão decrépito de sofrimento e morte de animais que ele sempre imaginou de tais lugares, era uma construção industrial limpa e compacta cercada por um estacionamento de asfalto e protegida por uma cerca de arame alto.
Os anos de bebedeira tinham acabado com o físico militar de Slim, mas seus olhos ainda eram bons o suficiente para identificar caixas retangulares em postes que deviam ser câmeras de segurança. Objetivamente, ele não os culpava; a ameaça de ativistas intrusivos estava em toda parte agora, não importando quão humano ou ético fosse seu processo de produção. Slim não tinha nada contra os direitos dos animais, mas gostaria tanto de comer um bife quanto de acariciar uma vaca.
Ainda assim, um grande negócio era um grande negócio. E quando se trata de cortar animais em fatias ou tirar fatias financeiras de planos de pensão, era raro encontrar uma empresa sem um esqueleto escondido em algum armário.
Slim pegou seu Nokia e desdobrou um pedaço de papel enfiado na capa do telefone atrás do aparelho. Uma lista de antigos contatos do exército, todos aqueles que conseguiram alguma coisa na vida, mas não o odiavam. O companheirismo do pelotão era mais forte que laços sanguíneos, e ele havia pedido alguns favores ao longo dos anos. Em troca, ele fez o que pôde para pagar suas dívidas: expor uma parceira infiel para um, estabelecer um fundo de aposentadoria para outro, até mesmo ajudar a erguer um galpão para um terceiro.
Ele ligou para Donald Lane, um velho amigo do exército que montara uma consultoria de inteligência em Londres depois de deixar as forças armadas. Donald se especializou em trabalhar com a polícia e o governo, mas ajudou Slim em casos anteriores no passado.
"Don, é Slim. Faz alguns meses, tudo bem?"
"Slim? É bom ouvir você, parceiro. Eu sou o mesmo de sempre. Você ainda é você? Como está a vida?"
Slim sorriu. "Na verdade, faz tempo que não estive tão bem. Don, preciso que você verifique o histórico de uma companhia."
"Só isso? Fácil. O que você está procurando?"
"No momento, eu não tenho certeza. Pode não ter nada a ver com minha investigação, mas também pode ser crucial. Não dá pra saber, dá?"
"Então você quer qualquer informação disponível? Boatos, acusações, matérias de jornal, esse tipo da coisa?"
"Mais ou menos isso. Você tira a sorte grande se achar qualquer processo criminal arquivado. Qualquer coisa que sugira algum tipo de fraude. Estou procurando o tipo de coisa que pode ter vazado para a comunidade local. Causado ressentimentos, criado rancores. Esse tipo de coisa."
"Pode deixar comigo. Conheço um homem que trabalha na imprensa financeira que tem o ouvido no chão. Suponho que isso seja ultra-confidencial?"
"Não diga mais do que você precisa. Estou trabalhando para um homem perigoso. O problema que eu tenho é não saber o quão perigoso."
Don riu. "Como você entra nessas situações?"
Slim não pôde deixar de sorrir. "Eu tenho que aceitar o que me oferecem. Talvez seja hora de atualizar meu site."
"Da última vez que eu vi, você não tinha um."
"É disso que eu tô falando."
Slim deu os detalhes a Don, então agradeceu e desligou. Ele tirou outro pedaço de papel da parte de trás do telefone e o esticou. Em condições muito melhores do que o outro, este era seu cronograma de tarefas recentemente escrito.
Croad tinha feito uma lista de praticamente todos em um raio de cinco milhas que poderiam ter cruzado o caminho de Dennis Sharp em algum momento. Slim tinha reduzido para as dez pessoas mais propensas a saber de algo, mas era uma lista vaga na melhor das hipóteses e ainda muito ampla. Slim sentiu que estava sendo convidado a realizar o tipo de investigação que uma força policial atribuiria a uma equipe inteira. Se ele queria descobrir a verdadeira identidade do chantagista misterioso, ele tinha que se mover rápido, e ele sentia como se estivesse pisando em areia movediça.
Não ajudava que a única pessoa que poderia saber algo—Ellie Ozgood—estava aparentemente fora dos limites.
Slim franziu a testa. Ele sentiu como se alguém estivesse pregando uma peça nele, como se de repente Jeremy Beadle fosse pular de trás de uma árvore e gritar "surpresa!" enquanto gargalhava.
O chantagista estava ameaçando expor Ozgood. Mas expor o quê?
Não poderia ser o assassinato de Sharp. Se assim fosse, seria muito mais seguro e faria mais sentido ir à polícia, em algum lugar do interior, talvez, onde Ozgood não tinha influência.
Não, tinha que ser pessoal.
Mas o quê?
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