— Pronto. — disse ela, quebrando o silêncio que se instalara na sala destruída. O dedo indicador dela pousado em um ponto de Camden Town. — O autômato deve estar nesse local.
Silas se inclinou com uma caneta em mãos e marcou o local no mapa.
— E o que sua irmã pode estar fazendo na cidade vizinha? Os espreitadores com quem ela anda ficam perto das fronteiras de Islington.
A expressão séria de Theo cintilou por um instante enquanto uma vulnerabilidade brilhava nas profundezas de seus olhos cor de chocolate. — Não sei. Nos últimos dois anos em que trabalhou com eles, só fez trabalhos em Islington. As gangues são muito territoriais.
A mudança de ares não era um bom presságio para Ellie, nem para o autômato dele, mas Silas há muito aprendera a controlar as próprias expressões faciais. Ele sorriu.
— Com medo de um pequeno passeio pela cidade, Theo? Posso entender se a viagem for muito angustiante para uma senhora como você.
Ela lançou um olhar ácido para ele, a preocupação fugindo de suas feições para ser substituída por sua irritação habitual. Bom. Ele preferia distraí-la por enquanto.
— Se alguém tem dificuldade para caminhar pela cidade, é você com seus sapatos da moda, Silas. — Theo rebateu. — Precisou quebrar as costas de cinco servos para pagar essas coisas?
— Sua inveja está devidamente anotada. — disse ele, levantando-se e espanando as calças na altura dos joelhos; ele se inclinou e estendeu a mão. — Agora continuemos com essa caça.
Ela aceitou a mão dele, embora a olhasse como se ele tivesse se revestido de veneno. Não que ele a culpasse, ele sempre fora um idiota com ela. Silas havia se tornado tão talentoso em esconder seus sentimentos que muitas vezes se esquecia de onde estava sua verdadeira lealdade. A mão macia dela se encaixava tão bem na dele, e o toque da pele dela fez a mente dele vagar para lugares inadequados.
Theo foi para a porta, as tábuas do piso rangendo sob seus passos enquanto ela dobrava o mapa para colocá-lo de volta no bolso. Apesar da preocupação com a irmã brilhando viva em seus olhos, ela caminhava com convicção a cada passo. Embora ele tivesse suas próprias preocupações quanto a recuperar a criada mecânica, eram insignificantes em comparação com o amor de Theo por sua irmã, Ellie. As duas garotas apoiavam a mãe doente desde que o pai as abandonou. Embora Theo tivesse seguido o caminho respeitável, e Ellie tivesse escolhido ir à ilegalidade, cada centavo era usado para cuidar da mãe.
Theo nunca aceitaria a ajuda dele. Ela o via como um traidor das ruas em que nasceu por dar as costas quando teve a primeira oportunidade. Mesmo assim, ele ansiava por tirar um pouco do fardo dos ombros dela, ajudar a mulher que sabia resolver os problemas da família com uma força que ele não podia deixar de admirar.
Silas enfiou os polegares nos bolsos das calças e a seguiu para fora da construção em ruínas, de volta às ruas de Islington. A jornada para Camden Town pode não ser formidável, mas prometia problemas de qualquer maneira. Porque quanto mais tempo ele passava na companhia dela, mais a máscara que ele usava rachava.
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