“Miguel,” Chamou o Eric.
"Ah", disse um homem vindo ao seu encontro. Tinha pele bronzeada, cabelo escuro e olhos castanhos de chocolate. Quase que era… Bonito. “E quem é esta adorável senhora ao seu lado?”
"Apresento-lhe a Vitória Martel", disse Eric.
"Por favor, chame-me Via", disse Vivian. Odiava as falsidades, mas eram necessárias.
Miguel pegou-lhe na mão e tocou-lhe com os lábios. “É um prazer conhecê-la”
Teve que fazer um esforço enorme para não retirar a mão bruscamente. Este demónio tinha o desplante de lhe beijar a mão. Reprimiu a aversão e pôs o melhor sorriso na cara. Vivian esperava que não se mostrasse tão falso como o sentia. “É fascinante conhecer finalmente o homem com quem Eric trabalha."
"Espero que esteja aqui para se divertir. Comida e champanhe não faltam.” Ele gesticulou em direção aos empregados de mesa circulando pela sala. "Sirva-se e desfrute dos entretenimentos da noite."
Com estas palavras, acenou e deixou Vivian e Eric sozinhos. “Há muita gente aqui.” Fixou os olhos no Eric. "Conheces todos?"
"Não, não conheço", disse. "Mas estou a ver alguém com quem preciso de falar. Ficas bem aqui sozinha por uns minutos?”
"Claro", disse ela e arrebatou uma taça de champanhe de uma bandeja enquanto um empregado passava. Levantou-o numa saudação. "Ficarei fabulosamente, mas não te demores."
Vivian tinha as suas suspeitas, mas guardou-as para si mesma. Em vez disso, tomou um golo de champanhe e manteve a atenção nos movimentos do Eric. Ele moveu-se pela multidão com facilidade, e desapareceu em seguida por uma saída. Vivian amaldiçoou-se e pousou o copo. Tinha de o encontrar e descobrir o que ele ia fazer.
Seguiu o mesmo caminho que o Eric até chegar à porta. Ela escapou-se pela saída e foi envolvida pela escuridão. Demorou um pouco para os olhos se ajustarem, e começou a mover-se pelo corredor. Seguiu o caminho até chegar a outra porta. Abriu-a e acabou num jardim exterior. O Eric estava numa conversa acalorada com outro homem. Vivian não conseguia ver o rosto do homem. Era o Miguel?
Aproximou-se na esperança de apanhar os excertos da conversa. As suas vozes soavam abafadas. Um som explodiu à sua volta e Eric foi atirado para trás. Vivian gritou ao vê-lo estatelar-se no chão. Ela correu na sua direção enquanto a dor a atravessava. Vivian tropeçou e caiu para a frente. Seu corpo ressaltou contra o pavimento de pedra e sentiu a dor invadi-la. Não conseguiu reconciliar o que tinha acontecido. Tinha sido alvejada? O Eric estava bem? Não parecia estar quando caiu. Uma lágrima caiu-lhe no rosto enquanto cedeu à dor e perdeu a consciência.
CAPÍTULO UM
Dois anos e meio depois...
Eric olhou para o seu amigo inconsciente, Wes Novak, e franziu a testa. Tinha chegado tarde demais. Miguel retinha a Vivian, e provavelmente também a sua gémea Vitória. Tinha estragado tudo. O seu plano tinha ido por água abaixo há muito tempo e ele já devia ter saído do esconderijo. Vivian era muito mais importante do que qualquer outra coisa para ele. Forjou a sua morte para salvá-la. Ele pensava que se estivesse morto ela estaria a salvo. Sabia desde o início quem ela era— Vivian Miene. O amor da sua vida. Mesmo quando fingia ser Via Martel, ele sabia-o. No início, tinha-o divertido vê-la a afirmar ser outra pessoa, depois começou a aterrorizá-lo, sabendo o quanto ela significava para ele. Devia ter-lhe dito a verdade. Devia tê-la levado com ele quando desapareceu. Tantos erros... Mas não podia pensar neles agora. Tinha que salvá-la e para isso precisava da ajuda do Wes. Pegou num copo próximo, encheu-o de água e atirou-o em cima dele. A água caiu sobre o rosto de Wes e ele sacudiu-se a cuspir, "Que diabo..."
"Levanta-te e brilha, princesa", O Eric disse num tom brincalhão enquanto se ajoelhava à sua frente.
Wes limpou a água a pingar-lhe dos olhos e olhou para cima. O choque espalhou-se-lhe pelo rosto ao olhar para o Eric. Esfregou os olhos tentando limpá-los. “Devo estar a ver coisas."
"Não, sou mesmo eu", assegurou Eric.
"Não entendo - como é que é possível?"
"É uma longa história, e não temos tempo para isso agora." Eric levantou-se e estendeu-lhe a mão. "Tens de te levantar, temos assuntos para resolver."
Wes permaneceu imóvel. O choque não tinha abrandado completamente, deixando o Eric ficou sem saber como lidar com a situação. Não tinha querido que Wes descobrisse que estava vivo. Tinha sido uma jogada idiota, mas tinha sido para o benefício do amigo. Quem quer que soubesse que estava vivo, estava em perigo. E não queria que ninguém pagasse pelos seus erros.
"Tori..." Wes olhou freneticamente em redor da sala enquanto se recuperava completamente. Claro que os seus primeiros pensamentos iriam para a mulher que amava.
Não conseguia olhar para o Wes. Deus, ele odiava isto. “Pois... O Miguel tem-nas às duas. Temos de salvá-las.” Raios, para tudo! Tinha cometido demasiados erros.” O Miguel pensou que a Tori era a Viv. Tenho a certeza que ficou surpreendido ao perceber que ela tinha uma gémea." E tinha sido nessa altura quando tudo começou a desabar em espiral e ele tinha sido incapaz de o parar.
Wes saltou. "E como é que vamos conseguir tirá-las de lá?"
"Tenho um plano, mas preciso que venhas comigo, senão não funciona." O Miguel tinha descoberto que o Eric estava vivo. Tinha raptado as gémeas para o forçar a sair da clandestinidade. Ora bem, o bastardo teria o que queria. O Eric estava-lhe no encalço e, desta vez, ia pagar pelos seus crimes.
O Eric rezou para que o seu plano funcionasse. Não duvidava que o Wes o ajudaria. Podia odiar vê-lo, mas adorava a Vitória. E o Wes faria o que fosse preciso para a salvar, tal como o Eric o faria para salvar a Vivian. Era um risco, mas um que estava disposto a correr.
Wes inspirou. "E porque haveria de confiar em ti?" perguntou.
"Porque sempre o fizeste, conheces-me. Por favor, Wes, ajuda-me.” Eric esperava que a sua amizade que existia muito antes fosse o suficiente. Que Wes seria capaz de superar as dúvidas e ver que, na maior parte do tempo, ele continuava o mesmo. As suas mentiras não podiam destruir toda a confiança entre eles.
"Não sei se consigo..."
Era justo... O Eric provavelmente sentiria o mesmo se os seus papéis se invertessem. Mas precisava do Wes, por isso tinha que encontrar uma forma de ultrapassar as suas dúvidas. "Sei o que sentes pela Vitória. Queres magoá-la?”
"E isso que te importa?" perguntou o Wes
Era simples. Só havia uma razão por ter regressado. “A Vivian. Eu amo-a. Pensei que se me mantivesse afastado, o Miguel a deixava em paz; estava errado." Eric fez uma pausa, esfregou as mãos na cara. "Tenho que trazê-la de volta." Tinha de arranjar maneira de fazer as pazes com ela...
"Ok, o que fazemos para libertá-las?" Perguntou o Wes resignado.
O alívio inundou-o. O Eric acreditava que o Wes podia ajudar, mas havia sempre a possibilidade de ele dizer ‘não’. "Segue as minhas instruções. Vamos! Sei para onde ele as levou. Explico tudo pelo caminho.”
"Porque é que não me dizes primeiro? Gostava de ter uma ideia no que é que me estou a meter?"
O Eric gemeu. Não queria dar ao amigo detalhes demasiados e desperdiçar o tempo precioso que tinham. Para que precisava ele de todos os detalhes primeiro? Queria injetar-lhe algum juízo. "Não temos mesmo tempo para isso!"
"Arranja tempo", exigiu Wes.
"Wes, por favor, imploro-te! Vem comigo."