O amor lhes deu a oportunidade de sair do ‘eu’ para encontrar-se no ‘eu’ que existe no outro. A crise que muitos casamentos enfrentam hoje em dia é - em parte - fruto do individualismo que a sociedade atual planta nas pessoas, impedindo-as de encontrarem-se com o “outro”. Quando surge uma pequena ou grande crise no casamento, ela geralmente se manifesta na atitude fechada de uma das partes, enquanto o outro lamenta-se ou aponta as falhas e feitos que anteriormente não incomo-davam a vida a dois, ambos culpando um ao outro pela situação que estão enfrentando. Neste mo-mento o casamento perde a alegria. Em contrapartida, quando se busca o ‘outro’ saindo da esfera do ‘eu’, busca-se constantemente construir o ‘nós’, e nesse caso tudo é diferente, pois um clima de felicidade se cria e ambos contribuem doando a parte mais positiva e maravilhosa de si mesmo e balanceando aquilo que falta ou sobra no casal. O amor tudo pode. Ele aguenta, suporta e carrega as dificuldades do parceiro. Conheço uma esposa que, quando seu esposo fazia algo que não lhe agrada-va, ela saia de casa de carro atrás dele, tomando conta para que ele não fizesse alguma bobagem. Ao invés de repreender, ela amava cuidando. O amor pode muito mais, sempre!
“Meu coração está contente desde o momento em que chegaste até mim. Dou graças à vida e peço a Deus que você nunca me falte”. Deus quis que a vida dos dois se entrelaçasse. Não é este um motivo de alegria? Que maravilha é ver dois esposos que, ao se olharem nos olhos, brilham de felicidade!
Um casamento feliz gera uma sensação indescritível para os esposos, que presenteiam a segurança a seus filhos e, acima de tudo, propiciam que eles cresçam em uma família sólida que, por sua vez, despertará neles o desejo de construir uma família semelhante. Um casamento feliz gera uma família feliz. A felicidade de uma família captura a atenção de quem os observa mas também dos seus próprios membros, pois desperta em todos os integrantes que, por algum motivo precisaram se ausentar, o desejo de voltar para casa.
Uma família feliz é o sonho de Deus, o sonho de todos os noivos que estão prestes a se casar, o sonho dos esposos que dia após dia constroem sua vida no lar, o sonho dos filhos quando projetam no futuro a realidade que experimentaram dentro de casa. É para a família feliz que o Hogares Nuevos (Novos Lares) trabalha e evangeliza. Que todos os esposos sejam capazes de celebrar o testemunho belo e profundo de um coração contente e cheio de alegria. Por isso, deem graças à vida e a Deus e peçam que o outro nunca venha a faltar, mas sim que a felicidade que hoje vocês experimentam se projete por toda a eternidade.
Digam estas palavras hoje e sempre, como preferirem ou com as palavras do Cantar dos Cantares: “Como você é linda, minha amada, como você é linda! Como você é lindo, meu amado, você é tão encantador!”.
Para conversar em casal.
1.- Digam um ao outro o quanto cada um importa para si.
2.- Em relação ao casamento: vocês estão contentes e felizes um com o outro? Vocês tem um casa-mento feliz? Que aspectos estão dispostos a nutrir para que a felicidade do casamento cresça cada vez mais?
3.- Pensem e realizem um convite mútuo para comemorar as alegrias que estão em seus corações por ter alguém ao seu lado.
4.- Nossa sociedade lhe ajuda a valorizar o seu parceiro? Quais são os riscos concretos que existem na desvalorização social da vida de casado e como isso pode afetar os casamentos hoje em dia?
Para orar juntos.
Senhor, toma-nos pela mão,
queremos-Te agradecer
por ter nos unido no caminho da vida,
dando-nos a oportunidade de ser felizes
em nosso casamento e na família.
Desde que nos chamaste a construir uma família,
somos muito contentes,
nosso coração transborda de alegria,
somos felizes.
Ajude-nos a basear nossa família em Tua fortaleza,
que nunca nos falte a graça,
para que até o final dos nossos dias,
possamos desfrutar da beleza
do nosso casamento e da família.
Amém.
Devo cuidar de você e não você de mim
“Façam aos outros o que querem
que eles façam a vocês.”
(Mateus 7,12)
Certa vez tive uma experiência que, de alguma forma creio todos já terem vivido, que me levou a uma reflexão que hoje quero compartilhar.
Em seus últimos três meses de vida, quando trouxe minha mãe para viver comigo, me dei conta de que lhe faltavam algumas roupas para se vestir. Fui comprá-las pessoalmente em uma cidade a 30 quilômetros da minha casa. Na primeira loja em que entrei, uma senhorita me atendeu com muita ternura e quando fui pagá-la, ela disse: “Leve as roupas e se elas derem certo, o senhor me paga, senão pode devolvê-las”. E assim aconteceram algumas vezes. Um tempo depois, fui a uma loja de sapatos (precisava de um número maior), paguei-os e levei-os. Não serviram, eu os troquei e devia pagar a diferença, mas o senhor que me atendeu disse: “Não precisa”. Em ambos os lugares as pessoas não sabiam quem eu era, o que fazia nem aonde vivia. Em um dos lugares só sabiam que meu nome era Ricardo, mais nada...
Nos dias em que fui pagar, agradeci... E fui embora caminhando em silêncio. Neste momento surgiu a reflexão que hoje quero compartilhar com vocês.
Não podemos negar a presença do pecado original na humanidade. Mas, que belo mundo construiría-mos se o amor fosse a motivação de toda ação! Que famílias viveriam os dias de hoje!
Quando o amor é uma realidade, todos sentem que as pessoas cuidam umas das outras, e não que os outros deveriam cuidar delas. “Devo cuidar de você e não você de mim”. Como seria bom se todos nós cuidás-semos uns dos outros e deixássemos de interferir na vida dos outros. Me escandalizei quando vi pela primeira vez o tráfico na Colômbia, na difícil Medelín dos anos 80. Hoje vemos isso em todos os lugares da nossa América Latina. Vive-se com medo e temor. Muita gente vive com desconfiança do outro. Alguns amigos da Obra não só foram assaltados, como também caíram nas mãos de sequestradores, chantagistas e foram vítimas de pressão psicológica. Diante disso, como não desconfiar! Traduzindo essa situação, muitos de nós diriam: quantos corações são levados pela desconfiança e pelo medo de serem invadidos!
Quando alguém empresta generosamente dinheiro, uma ferramenta ou um livro, quase sempre quem empresta anota em algum lugar o empréstimo, para que não se esqueça, mas deveria ser diferente. Quem deveria anotar o empréstimo é aquele que recebe, para que se lembre e cuide bem das coisas dos outros.
Certa vez, um casal muito estimado me falava sobre seu filho, dizendo que ele tinha comportamentos que eles não entendiam. Por exemplo, o casal separava todas as atividades, designando cada atividade ou ao esposo ou à esposa. Um dia a responsabilidade era dele, no outro, da esposa. Parecia mais um contrato de convivência do que um marido e mulher que realmente se amavam. Entre humanos nunca foi assim. Ao amar-nos, cada um se dispõe a ajudar o outro, a cuidar do outro”. Cada um cuida do outro por amor, mas em relacionamentos por conveniência e sem amor, tudo se dá por convenções e difíceis acordos que surgem a partir do egoísmo.
Tudo isso soa estranho para o mundo atual. Por curiosidade procurei saber se alguém já havia dito a frase-título deste capítulo e pesquisei na internet “devo cuidar de você e não você a mim”, e a pesquisa, por sua vez, me resultou em: “Talvez você queira dizer: você deve cuidar de si e não de mim”. Essa frase é algo muito coerente com o que se escuta tanto hoje em dia: “cuide do seu que eu cuido do meu”; “dedique-se a si mesmo”, “devo pensar mais em mim”. Vivemos em