os núcleos estriados, dentro da sustância branca.
Anatomicamente o córtex cerebral está dividido pelo sulco central, deixando de um lado o hemisfério direito e do outro o esquerdo e embaixo de ambos se encontra o diencéfalo, que são estruturas internas (tálamo, subtálamo, hipotálamo, epitálamo, metatálamo e o terceiro ventrículo) que conecta com o tronco cerebral (mesencéfalo, ponte de Varolio e o bulbo raquidiano). Os hemisférios por sua vez podem dividir-se em quatro lobos, o frontal, parietal, temporal e occipital.
O lobo frontal, situado na parte frontal do cérebro, é onde se recebe “toda” a informação, se processa e responde a partir daí e está associado as funções executivas, isto é, a capacidade de organização, tomada de decisões e supervisão destas.
O lobo parietal, situado atrás do lobo frontal, sobre o lobo temporal e na frente do lobo occipital, é o centro da informação sensitiva, tem um papel importante na linguagem, e a lesão dele pode provocar dificuldades na linguagem e no movimento.
O lobo temporal, situado embaixo do lobo occipital, está implicado nos processos da linguagem relacionados com o processamento auditivo, assim como nos processos de consolidação de memórias a longo prazo.
O lobo occipital, situado na parte posterior do cérebro, é onde se encontra o centro de processamento visual, onde chega toda a informação percebida pela visão através dos nervos óticos, sendo essencial para a discriminação de símbolos matemáticos escritos.
Em relação as localizações dos aspectos como a atenção, a linguagem ou a memória, deve-se notar que existem diferentes estruturas envolvidas em cada uma delas, causando a lesão de um dos lobos a perda total ou parcial de determinada função.
Com isso, se abandona definitivamente a teoria localizacionista que regeu o estudo da neurociência durante décadas (Arias, 2018), onde se tratava de atribuir a cada região do cérebro uma determinada função psicológica, de forma que a lesão desta impedia a pessoa no desempenho de determinada função.
Atualmente, sabe-se que há alguma especialização localizada, mas que quando as regiões que “tradicionalmente” realizam esse processamento, por qualquer motivo não funcionam adequadamente, geralmente se encarregam das mesmas regiões anexas. Pelo que se pode afirmar, as funções cognitivas estão distribuídas no cérebro, e apesar de existirem centros especializados de processamento de determinada informação, sejam elas auditivas, visuais, proprioceptivas… tudo logo vai se distribuir para constituir os traços de memória.
Uma vez comentadas as estruturas e funções do cérebro, temos que lembrar que anteriormente ao desenvolvimento tecnológico que permitiu o conhecimento atual e levando em conta as limitações próprias da época, esta ciência se iniciou com o estudo de casos post mortem, onde se analisavam as estruturas danificadas visíveis de pessoas que em vida mostravam algum tipo de deficiência ou problema cognitivo ou comportamental.
Assim um dos casos mais reconhecidos na história das neurociências é o de Phineas Gage (Damasio, 2018), que sofreu um acidente de trabalho em uma mina onde trabalhava, com tanto azar que uma das barras atravessou seu crânio, e a partir de então, seu comportamento mudou sendo errático, imprevisível e até imprudente (@Neuro100cias, 2018) (ver Ilustração 5).
Ilustração 5 Tweet sobre Phineas Gage
O estudo post mortem permitiu conhecer as áreas afetadas, especificamente o lobo frontal esquerdo, o que possibilitou estabelecer as primeiras hipóteses sobre o papel do lobo frontal no controle dos impulsos e o juízo, assim como deduzir seu papel destacado no planejamento, coordenação, execução e supervisão de comportamentos.
Atualmente o avanço das técnicas nos permite observar o cérebro trabalhando ao vivo diante determinadas tarefas, o que tem possibilitado conhecer não só as áreas cerebrais envolvidas, mas também as vias de comunicação entre áreas corticais e subcorticais de determinados processos, sejam dos tipos mais fisiológicos ou cognitivos, o que aplicado no âmbito médico, permite comparar o cérebro dos pacientes com o “normal” e assim determinar em que ponto do mesmo se encontra o “problema” em cada caso, especialmente importante na hora da intervenção cirúrgica, quando o resto dos tratamentos não tem a eficácia esperada para sua resolução.
Hoje em dia, se obtém conhecimento científico com técnicas como a ressonância magnética funcional ou o eletroencefalograma, ou seja, técnicas não invasivas que informam o que está acontecendo dentro da cabeça, mas sem a necessidade de “abrir” ou “esperar” para realizar análise post mortem.
Capítulo 2. Contextualizando a Pandemia
Antes de aprofundar sobre o impacto neuropsicológico da COVID-19, temos que contextualizar este trabalho como um marco de uma pandemia que afeta de forma global e sem precedentes na história moderna, que tem posto em cheque cada um dos sistemas sanitários a medida que tem afetado a população.
Apesar de ver as consequências na China, onde começou, foi somente quando os primeiros casos foram contabilizados no próprio território que os governos começaram a tomar medidas nesse sentido.
Uma cronologia que apenas se iniciou no início do ano e que tem afetado cada vez a mais países, sendo os primeiros casos importados, de cidadãos provenientes de zonas afetadas, que sem saber espalharam o vírus por todo o mundo.
Uma situação na qual os governos têm tomado medidas diferentes, mas que na maioria das ocasiões envolveu o confinamento de boa parte da população para reduzir a possibilidade de propagação do vírus, então é possível se distinguir as consequências entre os afetados pela COVID-19 e aqueles que estiveram confinados nos seus domicílios nessas ocasiões durante meses.
Sobre a COVID-19
Ilustração 6. Tweet Imagem do COVID.19
Informação que pôde ser descoberta graças ao envolvimento de numerosos laboratórios de pesquisa e universidades espalhados pelo mundo, além de ter pela primeira vez a sequência genética do vírus cedida gratuitamente pela China como forma de estimular a busca pela cura.
Estes dois fatores têm permitido que atualmente se estejam realizando diferentes análises em todo o mundo para tratar de conhecer como combater seu avanço e sobretudo para reduzir a taxa de óbito.
A própria O.M.S. oferece respostas sobre o que é a COVID-19, quais são seus sintomas, como se propaga, ou qual é a taxa de recuperação e de óbito entre os infectados entre outras (O.M.S., 2020).
Porém, apesar disso hoje em dia se segue investigando diversos aspectos para o que ainda não se tem resposta, sobretudo relacionado a um tratamento eficaz tanto preventivo como para reduzir as consequências da doença.
O Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade de Johns Hopkins (U.E.) (Johns Hopkins CSSE, 2020) informa diariamente o número de casos de infectados, mortes e recuperados tanto numérica como visualmente, tanto a nível mundial ou por países.