Ao nosso grupo, juntaram-se mais espanhóis que eu não conhecia. Dois rapazes e duas garotas. Dámaso, como não podia deixar de ser, conhecia a todos e me apresentou.
— David, este é Nacho. Não sei se ouviu falar de um fotógrafo chamado Ignacio Ínsua.
— Não, mas também não estou muito por dentro do mundo da fotografia.
— Bom, tanto faz. É ele. Josele o conhecem em uma exposição de fotos há algumas semanas. Na Espanha, ele expôs em vários museus e centros de arte. Uma atriz local conhecida logo notou seu trabalho e ele veio para cá com ela para fazer um book e desde então vive aqui. É o fotógrafo dos famosos e dos grandes eventos em Cingapura. Além de ser um bom jogador de golfe, claro.
— Prazer, Nacho. Vejo que já conhece Dámaso. Espero que se dê bem aqui e que possa ser meu fotógrafo particular, porque no golfe não acho que nos encontraremos. Eu sou mais de esportes de ação.
— Claro que sim, isso seria excelente. Um cliente espanhol que possa pagar minhas nada moderadas comissões. Prazer, David.
— Sempre posso pilotar um barco para uma sessão de fotos em alto mar e tirar uma graninha extra.
— Está falando sério? Às vezes fazemos books e anúncios em barcos. Preciso de vez em quando de um motorista.
— Claro — disse, sorrindo pelo uso da palavra “motorista” em vez de “piloto”. — Tenho o título de Capitão de Iate. Adoro a navegação. Conte comigo quando quiser. Tudo com relação a navegação me parece ótimo.
— Não me esquecerei.
Dámaso continuou com as apresentações.
— Estas duas morenas tão lindas são namoradas e se chamam Elena e Raquel. Elas têm uma doceria de produtos sem glúten.
— Olá. Dois beijos, né? Por que vieram a Cingapura?
— Queríamos conhecer outro país e vimos que aqui também havia celíacos, como em todo lugar, mas não tinham muitas lojas dedicadas a eles — explicou Elena, enquanto eu dava dois beijos em Raquel.
— Eu tinha um amigo celíaco em Madri. Alguns dos doces que ele comia eram tão bons quanto os normais. Não saberia diferenciá-los. Um dia quero passar na loja de vocês para prová-los.
— Quando quiser — disse Raquel. — Aqui está um cartão.
— Obrigado. Vejo que está preparada. Gosto disso. E você, como se chama? — disse, dirigindo-me ao quarto do grupo. — Eu continuo sendo David… — respondi, sorrindo.
— Me chamo Pamos, Juam Pamos — disse, imitando o estilo James Bond.
— Cuidado com ele, David — Dámaso me avisou. — É um bon vivant. Diz que é especialista do cinema, mas não sei se já estreou na profissão. Seus pais são ricos empresários que trabalham em assuntos relacionados com a exportação, mas ele só se dedica a ir de festa em festa e sair com todas as garotas que pode, tenham namorado ou não. Só deixa as festas para jogar golfe comigo e com Nacho.
— Golf? Dá para ver como você fez amigos. Bom, eu estou sozinho aqui, sem par, e não sou uma garota, então não tenho que me preocupar. Com sorte, ele ainda pode me apresentar alguma amiga bonita… — Ri com vontade.
Fiquei um bom tempo conversando com todo mundo, colegas do trabalho e novos conhecidos. Então, em uma volta que dei para ir até o banheiro, um homem com sotaque inglês se aproximou de mim e me ofereceu não sei que substância que eu não conhecia, mas que sem dúvida era algum tipo de droga. Recusei de forma taxativa e segui meu caminho. Nunca tinha usado drogas, nem sequer na minha época mais rebelde, e nem tinha vontade de começar agora. Não gostava que nada controlasse minha vida e esse era o típico caminho que podia me transformar em um escravo de minhas doses diárias. Nisso eu era muito radical. Nem fumava, apesar de já ter feito isso por um tempo, mas tive que parar porque era incompatível com o exercício que eu fazia. E apesar de beber, nunca deixava que o álcool me fizesse perder o domínio de mim mesmo. Meus amigos enxiam meu saco às vezes com esse assunto, principalmente Dámaso, que tinha umas bebedeiras hercúleas, mas eu gostava de sempre sentir que tinha o controle da situação. Era um pouco obsessivo com isso.
Quando voltei, me ofereci para buscar algo para Tere e meu colega, Jérôme, o louco, beberem. Enquanto estava no balcão esperando ser atendido por algum garçom, uma garota lindíssima de aspecto tailandês ou parecido apareceu ao meu lado. Tinha cabelos castanhos, longos, cacheados presos em duas partes de forma que caíam por ambos os lados da cabeça sobre o peito. Usava um gorro de tecido verde e uma camisa com alças da mesma cor. Seu rosto era arredondado e tinha um sorriso precioso, ressaltado por lábios pintados de uma cor vermelha muito suave. Seus olhos eram castanhos escuros, um pouco puxados, mas não muito. Bastante alta, devia medir um metro e setenta ou algo assim, e era magra. Não poderia dizer que tinha me apaixonado à primeira vista; isso seria uma bobagem. Mas meus hormônios de macho ibérico deram um salto mortal triplo, ainda mais quando ela virou para mim e falou comigo em um inglês perfeito com uma voz doce e musical que só pude escutar porque coincidiu com uma diminuição no volume da música.
— Desculpa, não vi a fila.
— Não, não! O que é isso? Não se preocupe. Ainda estou esperando ser atendido. Peça você primeiro, não precisa fazer seu acompanhante esperar.
— Meu acompanhante? Não, estou sozinha. Vim com uma amiga, mas ela teve que ir embora. Espera! Era uma estratégia para saber sobre isso, não é?
— Bom, você me pegou — reconheci, sorrindo. — Mas é difícil de acreditar que uma mulher tão bonita não tenha companhia.
Ela pareceu ter achado meu comentário muito engraçado, pois começou a rir com um riso melodioso que me encantou no mesmo instante. Durante alguns momentos, ficamos calados, nos observando.
— Desculpa, não me apresentei — disse, reagindo. — Me chamo David, sou um dos expatriados espanhóis homenageados nesta festa.
— Espanhol? Por seu inglês, achei que fosse americano… — afirmou, fazendo um biquinho.
— É porque minha mãe é americana. De Boerne, um pequeno povoado de dez mil habitantes no Texas, próximo a San Antonio. Um paraíso para as trilhas, cheio de rotas lindíssimas, mas não tanto quanto você, que nunca vi igual. Como se chama? Acho que você esqueceu de me dizer. Ou é um segredo?
— Não, não, não é nenhum segredo. Me chamo Sumalee, Sumalee Sintawichai. Em tailandês, meu nome significa “flor bela”.
— Flor bela? Economizarei o elogio fácil, mas é óbvio que é um nome perfeito para você. Dizem que a Tailândia é o país dos sorrisos. Se todos tiverem um tão bonito como o seu, deve ser o paraíso.
—É difícil não sorrir para um cara como você — respondeu.
Juro que o sorriso que ela me deu valia uma guerra. Era linda. Estava claro que essa mulher tinha capturado minha atenção.
— Você disse Simalee Sintawachi? — gritei, tentando superar o som ao redor. — Estou me esforçando para memorizar.
— Não, Sumalee Sintawichai — repetiu, aproximando-se do meu ouvido para não ter que gritar e fazendo com que eu ficasse todo arrepiado. — Mas Sumalee está bom para agora. Também não quero que funda a cabeça no primeiro dia.
Primeiro dia? Ela queria que nos víssemos mais vezes? Porque eu, sim, com certeza. Todos os que fossem possíveis. Uma garota tão bonita, eu queria para sempre ao meu lado. Não disse nada sobre seu comentário e a convidei para se unir a nós. Ela aceitou, encantada, com a condição de que não a deixasse sozinha em nenhum momento. Não me custou nada aceitar seus termos e, depois de pedir as bebidas de Jérôme e de Tere, e de oferecer uma a ela, nos dirigimos para o grupo. Eu a apresentei a todos os meus colegas e fiquei impressionado com sua desenvoltura diante