“Eu não sei”, Caprecia falou com um dar de ombros. “Talvez elas esperavam que eles seriam tão nobres quanto os Cavaleiros da Távola Redonda de verdade. Apesar de que estão faltando Lancelote e Galaaz — elas não devem ter achado mais duas outras otárias para pegar os nomes deles.” Ela parou e tamborilou os dedos no queixo. “Tristan ainda tem sentimentos por Sage. Então sobram Percival e Gawain… Se você conseguir atraí-lo para longe das tentações de Hollywood — o que me faz pensar que realmente só sobra o Percival. Você vai arrebatar Percival para você?” Ela levantou as sobrancelhas. “Que chance você acha que tem? Ele é um gato.”
Nash não aguentava mais ouvir a conversa delas. Distraidamente, enfiou as mãos nos bolsos. Os três homens sobre quem discutiam, o importunavam durante o ensino médio. Fazia só quatro anos desde que se formaram e aquelas lembranças eram difíceis de esquecer. Agora tinham um relacionamento melhor, mas Nash não esquecia como o tinham tratado.
Ele se virou para ir embora, mas a ação veio tarde demais. “Nash”, Leilia chamou. O tom da sua voz tinha um fundo de alegria que era música para os ouvidos dele. “Vem aqui. Tenho um vinho novo para você provar.”
Nash tirou as mãos do bolso e foi até ela. Ele nunca poderia negar algo a Leilia. “Ah é?” Ele se inclinou no balcão. “Vou me arrepender de ter bebido ele?”
“Claro que não.” Ela deu um tapinha no ombro dele. “Alguma vez já guiei você para algo errado?”
“Até agora não, mas ainda somos jovens.” Ele elevou os lábios em um sorriso resplandecente. Não era completamente falso. Nash estava feliz em vê-la, mas ele odiou a conversa que ouviu por acaso. As pessoas diziam que bisbilhoteiros raramente escutavam algo que os agradasse.
“Sempre fazendo piadas.” Ela buscou algo debaixo do balcão e entregou uma garrafa escura a ele. “Esse é um novo Merlot que estamos cultivando na vinícola. Me conte o que achou dele. Provavelmente vamos apresentá-lo ao público depois do Ano Novo.”
“Será um ano de revelações, não é?” Ele não pretendia falar isso em voz alta.
“Como assim?” Leilia perguntou.
Nash esperava que seria repleto de amor para ele e Leilia, mas ele achava que a Baía Kismet não acreditava que pertenciam um ao outro. Todos da cidade sabiam o quanto o destino desempenhava um papel em unir casais. “Não é nada.” Ele levantou a garrafa. “Obrigado por isso. Me ligue mais tarde e talvez bebamos juntos.”
Ela sorriu. “Está bem. Vou me lembrar disso. Você tem planos para hoje a noite?”
Essa deveria ter sido a deixa dele para falar algo sobre passar a noite com ela. Uma pena que isso não aconteceria. “Nada de mais. Vou ficar em casa.”
“Assistir a bola de Ano Novo descer na televisão?” Ela perguntou e inclinou a cabeça para o lado.
“Talvez. Não tenho certeza se vou ficar acordado até tão tarde.” Ele deu uma olhada para Caprecia que fez o que podia para fingir não estar lá. Talvez ela estivesse tentando dar privacidade para os dois. Nash não tinha certeza. “Preciso ir.” Ele não falou mais nada, só saiu o mais rápido que conseguiu. Seu coração batia forte no seu peito a cada passo que dava.
CAPÍTULO DOIS
Nash tinha praticamente corrido para fora da adega. Leilia deveria ir atrás dele… Ele estava agindo de forma estranha. Algo deveria estar incomodando ele, mas ele decidiu não contar para ela. Ela não fazia ideia do que poderia ser. Se ela, pelo menos, não tivesse prometido a Percival Wright que passaria o Réveillon com ele. Ela ainda não sabia quais células cerebrais ela perdeu para ter concordado com isso. Não tinha nada de errado com Percival, mas ela não o via como alguém para ter um relacionamento longo.
“Vou para casa”, ela disse a Caprecia. “Te vejo amanhã na vinícola.” A adega fechava em 1º de janeiro, mas, mesmo assim, era dia útil para elas. A Vinícola da Prosperidade era um lar longe do lar. Ficava a mais ou menos 50 km da cidade e tinha uma pequena casa de fazenda. Ela a dividia com as irmãs e todas tinham um quarto lá para quando passavam a noite, mas por causa da loja na cidade, isso não acontecia com frequência.
Leilia caminhou até o carro e entrou. Ela o ligou e deixou ele esquentando por alguns minutos, então engatou a marcha e foi para seu apartamento. Quando chegou lá, tomou um banho rápido e se preparou para o encontro. Ela torceu para não se arrepender de ter ido. Percival a levaria para uma festa que aconteceria na Poção da Bruxa. Sua prima Esmeralda era uma das donas da cafeteria. Tinham encomendado algumas caixas de espumante rosé da Sabores da Uva para esse evento. As usariam para recepcionar o novo ano.
Ela secou o cabelo com secador e o escovou até ficar brilhoso. Então colocou uma saia azul longa com uma fenda que quase chegava no quadril e uma blusa preta com mangas longas e rendadas. Depois disso, colocou sandálias de salto alto. Leilia gostava de se arrumar quando podia. Uma pena que não tinha tantas oportunidades de usar coisas bonitas.
Uma batida na sua porta a trouxe de volta para a realidade. Ela abriu a porta. Percival estava do outro lado, muito elegante em seu terno escuro e gravata verde, combinando com seus olhos. Ele deu a ela uma rosa solitária. “Não tinha certeza do que você gostava. Espero que essa agrade.”
Leilia pegou a rosa e a cheirou. Ela amava todas as flores, mas rosas não eram suas preferidas. No entanto, ele não tinha como saber disso. “Obrigada”, ela falou. “É linda.”
“Você também é”, ele respondeu, galanteador. Ela não deveria tomar isso contra ele, mas por algum motivo isso a desagradou. “Você está pronta?”
“Sim”, ela disse e deixou a flor no balcão. Leilia provavelmente deveria tê-la colocado na água, mas não se importava o suficiente para se incomodar com isso. Por que ela estava fazendo isso? Qual era o objetivo disso tudo? Percival não era o cara para ela e mesmo assim, ela estava disposta a sair com ele. Ela suspirou e se resignou a passar a noite na companhia dele. Ela tinha aceitado e era tarde demais para desistir. Depois de pegar seu casaco e vesti-lo, ela o acompanhou para fora da porta.
Não demorou muito para chegarem à Poção da Bruxa. Quando entrou, pendurou seu casaco em um gancho e admirou as decorações. Esmeralda e Tristan tinham se superado. Havia pequenas luzes penduradas ao redor da cafeteria e balões por todos os cantos.
“Você chegou”, Esmeralda quase gritou quando abraçou Leilia. “Quer que eu busque algo para você?”
“Não”, Leilia disse a ela. “Estou bem.”
Esmeralda se virou para Percival. “Tristan estava procurando por você. Acho que ele está atrás do balcão. Vá dizer oi.”
“Eu vou daqui a pouco.” Percival olhou na direção onde Tristan deveria estar. “
“Faça como quiser”, Esmeralda falou para ele. “Preciso dar uma circulada.” Ela se virou para Leilia e disse: “Se você for embora, lembre-se de se despedir.”
Depois disso, Esmeralda foi falar com a próxima pessoa ao seu alcance. Assim era sua prima. Sempre a alma da festa…
“Você quer uma bebida?” Leilia quase revirou os olhos. Ele não escutou que Esmeralda recém perguntou isso a ela?
“Não.” Ela não o puniu por sua falta de atenção. Isso não faria nada bem. Ela não fazia ideia do que falar. “Eu pego uma mais tarde.”
“Se você não se importar, eu vou pegar para mim.” Ele a deixou sozinha e foi para uma mesa próxima. Tristan estava lá conversando com alguém.