Copyright © 2020 por L.G Castillo.
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a permissão prévia por escrito do autor, exceto no caso de breves citações incorporadas em resenhas críticas e outros usos não comerciais permitidos pela lei de direitos autorais.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação do autor. Lugares e nome públicos são usados com propósitos de ambientação. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas ou negócios, empresas, eventos, instituições, ou locais é completamente coincidência.
Design de capa: Mae I Design
1
O olho direito de Leilani estava tremendo e com certeza iria pular para fora nos próximos dez segundos, cinco se Candy não calasse a boca.
– Meu pai é daltônico ou algo assim. Tipo, sério, eu disse a ele que queria rosa metálico. Por que se incomodar em perguntar que cor de Boxster eu queria se ele não ia comprar o certo? Quero dizer, sério, olhe para isso.
Candy sacudiu o pulso, enviando gotículas de água no ar enquanto apontava para a janela com um garfo molhado.
– Parece rosa metálico para você? Não é nem perto.
Leilani agarrou a faca que estava limpando com os olhos tremendo mais rápido.
Eu deveria ter pedido para limpar o banheiro. Qualquer coisa era melhor do que ouvir Candy falando daquele maldito carro esportivo.
– Você está tão quieta hoje. Não vai dizer nada sobre o meu presente de aniversário?
Se Candy batesse os cílios falsos dela mais uma vez, Leilani jurava que o faria…
Eu preciso desse trabalho. Eu preciso desse trabalho. Pense em Sammy.
Colocando seu sorriso mais doce, Leilani colocou cuidadosamente a faca na bandeja com os outros utensílios. Um dos garçons entrou e pegou a bandeja do balcão.
– É bonito – ela conseguiu falar quando olhou para o pesadelo rosa no estacionamento onde a Cabana de Taco do Sammy costumava ficar. – Você sabe, alguns de nós não têm muita sorte em receber um presente tão bonito.
– É, talvez. – Candy encostou-se no balcão, girando uma mecha de cabelo escuro em volta do dedo. – Acho que sim, poderia ser pior. Tipo, eu poderia ficar sem carro e pegar carona como você.
Ela não acabou de dizer isso. Cadê esse ajudante de garçom?
– Sem ofensa, Leilani. Quero dizer, é ótimo que você seja tão auto-suficiente, especialmente com sua mãe e padrasto mortos e tudo mais.
Ela cerrou os punhos, pronta para atacar Candy se ela não calasse sua boca logo. Ela não podia acreditar que realmente já fora amiga dessa garota. Candy costumava ser legal. Então um dia… Bam! Os peitos apareceram e o cérebro desapareceu.
– Não me ofendi. – Ela engoliu sua raiva e orgulho.
Piranha ou não, se não fosse por Candy e seu pai, ela não teria esse emprego. Tinha sido ideia de Candy pedir ao pai que desse um emprego a Leilani no restaurante ‒ embora suspeitasse que era mais por culpa do que amizade. Apenas alguns meses depois que seus pais morreram, a Cabana de Taco do Sammy foi demolida e uma placa anunciando que o Hu Beach Resort e Restaurante o havia substituído.
– Hey, já sei. Eu vou deixar você usar meu carro para um test drive. Você vai gostar dele. Mas certifique-se de tomar um banho antes de entrar, os assentos são um tipo especial de couro.
Ignorando as divagações de Candy, Leilani esfregou o peito. A dor ainda estava lá. Estava sempre lá. Desde o dia em que acordou no hospital e viu o rosto de tia Anela, a imensa dor se instalou em seu peito e não saiu mais.
Engraçado como as coisas que você mais odiava de repente se transformam no que você mais deseja.
Nos dias após a morte de seus pais, ela ficou sentada sozinha na cabana, desejando seu antigo emprego de volta. Ela desejou que sua mãe saísse da cozinha e a provocasse sobre seu cabelo curto e a importunasse para servir uma mesa. Ela desejou que seu padrasto viesse para a cabana, se esgueirasse por trás de sua mãe e agarrasse sua cintura, balançando-a no ar. Ela desejou poder revirar os olhos quando ele a beijasse profundamente e Sammy gritaria: – Eca. Pessoas velhas.
Desejos são sonhos que nunca se realizam.
Ela pegou um pano de prato e limpou vigorosamente o balcão já limpo, lutando contra a ardência em seus olhos.
Ela tinha sido estúpida ao pensar que poderia manter a cabana de tacos e administrar o negócio com a ajuda da tia Anela. A realidade lhe deu um tapa quando descobriu que seu padrasto tinha uma enorme hipoteca do local e uma dívida pendente. Tia Anela estava vivendo de assistência pública, eles mal tinham o suficiente para se alimentar. E que banco iria emprestar dinheiro para uma criança de quinze anos?
Sim, isso foi estúpido. Desejar, sonhar. Ela parou com todo esse absurdo infantil.
– Ai, ai. – Candy se inclinou, sussurrando: – Fale sobre ser uma garota de sorte. Você chega em casa com Kai todas as noites.
Kai estava ao lado da porta da cozinha, vestido com seu traje de dança de fogo. Bíceps maciços flexionando enquanto ele ajustava seu haku havaiano, um cocar de grama.
Os cílios de Candy estavam batendo tão rápido que ela estava prestes a decolar.
Ela realmente não podia culpar Candy por babar por Kai. Muitas garotas caíram aos seus pés sempre que o viam, especialmente quando ele usava seu malo vermelho, um sarongue que mostrava suas pernas musculosas.
Ele era todo músculo, e trabalhara duro para isso. Ele malhava todos os dias no quintal, levantando pesos e fazendo flexões com Sammy como seu treinador pessoal.
Ela riu, lembrando quando Sammy subia em suas costas, contando, enquanto Kai o levantava acima da cabeça. Se não fosse por Kai, pedindo a Sammy para ajudá-lo com seus treinos, Sammy provavelmente ainda estaria sentado na sala de estar negligentemente assistindo televisão.
– Essa nova roupa ficou ótima em você. Eu sabia que ficaria. Ooh, eu amo a tattoo! – Candy arrastou as unhas vermelhas e polidas pela tatuagem tribal que cobria o braço de Kai.
Ele franziu a testa.
– Então, isso foi ideia sua? Você pediu o micro tamanho ou algo assim?
– Não seja bobo. Foi ideia minha e eu estava certa. Você está fabuloso.
Leilani revirou os olhos. Se Candy piscasse mais, seus globos oculares estourariam.
Hum, agora esse era um bom pensamento. Talvez pudesse pedir que Kai flexionasse seus músculos um pouco mais.
– É muito pequeno e apertado. Eu mal consigo me mexer nessa coisa. – Ele puxou o malo, mexendo-o desconfortavelmente.
– Eu posso ajudá-lo com ajustes no seu guarda-roupa a qualquer hora.
Meu Deus. A garota maluca estava realmente ronronando suas palavras. Kai tinha esse estilo bad boy, coisa de dançarino de fogo que atraia Candy e todas as garotas num raio de dezesseis quilômetros até ele. Mas para Leilani, ele era apenas Chucky.
– O que há de errado, Leilani? – Kai perguntou, ignorando Candy.
Eu vomitei um pouco na minha boca.
– Nada. – Ela rapidamente deu um sorriso, ficara muito boa com o sorriso falso ao longo dos anos.
– Ei, Candy. Relaxe. Eu posso lidar com isso sozinho – ele disse, tirando as mãos de seu malo antes de voltar sua atenção para Leilani. – A que horas acaba o seu turno? – Perguntou ele.
– Certo!