of another. And always the question of profits.
One concludes that there are fewer causes than birds
upon the solitary roofs. Fewer causes, more blood.
CARÍCIA DIVINA
Cordeiro do Senhor nunca queiras escravo.
A lua como uma hóstia branca
ilumina o meu corpo a deslizar no teu.
Porque deus é amor e nós fiéis.
Porque nos fez com uma carícia
assim te acaricio e me cobres
de felicidade pela noite dentro.
Bendito seja quem assim ama.
Livrai-nos Senhor de todos os cordeiros
e dai-nos um ao outro cada dia.
DIVINE CARESS
Lamb of God, never wish for slaves.
The moon like a white host
lights up my body sliding over yours.
For God is love and we the faithful.
And since he made us with a touch
I touch you, too, with this caress as you cover me
with happiness throughout the night.
Blessed be he who loves like that.
Free us, Lord, of all the lambs and sheep
and give us this, our daily one another.
VIOLAÇÃO E FUGA
Cada coisa a seu tempo. É o que parece
quando olhamos o campo escurecer.
Por um momento as flores cintilam mais
que o meio-dia. É sempre assim antes da morte.
No ar formas vagas de aves, testemunhos passageiros.
Alguns insectos esmagados, a erva horizontal. Húmida
como se tivesse chovido. Quem conduz sabe que os gritos
correm mais depressa que as palavras. Sem faróis no escuro
da garganta. Senhor, o teu cordeiro foi tosquiado,
a lã rasgada pelo chão como sementes.
Para que manto envergarás este dia? Era quase noite,
quase tempo. A roupa arrancada à pressa.
É este o trigo da tua colheita?
RAPE AND RUN
Everything in its time. That’s how it seems
when we look at the darkening field.
For a moment the flowers gleam more
than at noon. It is always like that just before death.
In the air the vague shapes of birds, passing witnesses.
A few smashed insects, horizontal grass. Moist
as if it had been raining. Whoever drives knows that screams
travel faster than words. Without headlights in the darkness
of the throat. Lord, your lamb is shorn,
torn wool scattered on the ground like seeds.
For what cloak will you invest this day? It was almost night,
almost time. Clothes ripped away.
Is this the wheat of your harvest?
O CÃO QUE ME TINHA
Eu tive um cão ou era ele
que me tinha e me deixava à solta
guiada sem saber que ia.
Tomava as minhas feridas,
a tristeza que eu pudesse ter
e sofria dela como eu nem sofria.
Trocava de mal trocando-lhe as voltas.
Punha a coleira ao pescoço
e levava-me a passear
como se eu fosse o dono.
E à noite dormia no chão
ou então fingia. Eu acordava
com um servo aos pés da cama,
armava-me em amo
e era ele que me tinha.
Exímio no silêncio
e no uso das armas
com que me defendia
de todos e também de mim:
a linha veloz do pêlo luzidio,
o frémito da língua,
o focinho em arco para a escuta.
Era um cão que me tinha
e uma tarde de verão
atirei-lhe um osso gostoso
antes de o deixar no canil.
THE DOG THAT HAD ME
I had a dog or rather he
had me and left me free,
guided without knowing it.
He took on my injuries,
whatever sorrows I might have had,
and suffered them as I had never suffered.
He confounded my ills, turned things around.
He put my collar round his neck
and took me for a walk
as if I were his owner.
At night he slept down on the floor
or else pretended to. I would awake
with a servant at my feet,
and hold myself just like a master,
while it was really he who had me.
Peerless he was in silence
and in the use of arms
with which he would defend me
from others and from myself, as well:
the swift line of glistening fur,
the quivering of the tongue,
the muzzle flexed for listening.
It was a dog who had me
and on a summer afternoon
I threw him a delicious bone
then dropped him at the pound.
A SONO SOLTO
Por esse tempo veio Ele à terra.
Estávamos ofegantes de mil acrobacias
com a fogueira a ecoar gemidos.
Caímos no sono
e nem percebemos se o parto foi normal.
Mas o nosso bafo transformou o mundo
e fizeram de nós ídolos de barro.
Posso jurar que na última ceia
não estivemos ao lado ou à direita
de quem quer que fosse. Não omitimos
ou negámos. Nem sequer matámos