CAPÍTULO 07:
Você entenderá qual o papel que o médico deve adotar para ajudar seus pacientes a enfrentar o fim da vida.
CAPÍTULO 08:
Você descobrirá por que compartilhar com seus entes queridos expectativas e desejos em relação à doença ou a morte é a coisa mais saudável para todos.
CAPÍTULO 01: COMO ELES ESTÃO ENVOLVIDOS MÉDICOS NO PROCESSO MORRER?
A Escola de Medicina ensina pouco sobre os processos de envelhecimento e morte, porque o foco está em como salvar vidas, como prolongar a vida e não em ajudar os pacientes a lidar com sua própria mortalidade. Pouco depois de começar a praticar medicina, Atul Gawande percebeu que não estava preparado para ajudar os pacientes terminais ou idosos que ele cuidava a lidar com a morte.
Analisando sua passagem pela Faculdade de Medicina, Gawande lembrou que a única vez que eles falaram sobre a morte foi durante uma hora em um seminário em que se dedicaram a comentar “ A morte de Ivan Íliich”, o clássico relato de Tolstoi. Na história, Ivan Ilich, que tem 45 anos, é um homem cuja existência gira predominantemente em torno de preocupações com seu trabalho. Um dia ele cai de uma escada e sofre ferimentos que o tornam incapaz de trabalhar. Ele se torna uma pessoa deprimida e desamparada. Todo mundo evita isso. Os médicos são incapazes de concordar com um diagnóstico e fornecer mais e mais medicamentos. Para Ilyich, a vida se torna uma tortura consumidora. O que mais o atormentou foi o engano e as mentiras de todos que queriam fazê-lo acreditar que ele não estava morrendo. Ninguém o ouviu ou sentiu pena dele. Não havia empatia. Gawande lembra que, na época em que conheciam a história, nenhum aluno entendeu muito bem seu significado; portanto, no ambiente universitário, foi uma anedota que todos logo esqueceram.
Mais tarde, como paciente, Gawande tratou Joseph Lazaroff, um paciente com câncer de próstata que se espalhou por todo o corpo e afetou sua coluna. Os médicos sabiam que Lazaroff não poderia ser curado. No entanto, eles ofereceram a ele a opção de cirurgia que poderia remover o tumor, mas que também o deixaria com sequelas graves, como paralisia, e que poderiam até levar à morte. Lazaroff escolheu a cirurgia perigosa que lhe foi proposta, embora os médicos soubessem que ela não iria curá-lo ou melhorar muito sua qualidade de vida. Analisando esse caso, Gawande reconhece que era evidente que Lazaroff havia tomado a decisão errada e que o motivo era o desejo de algo que ele não podia ter: sua vida anterior. Ele estava perseguindo uma fantasia, correndo o risco de agonia prolongada e terrível, que foi o que ele conseguiu. Ele passou por uma longa cirurgia e morreu após lidar por semanas com complicações que surgiram depois. O mais preocupante é que todo o pessoal médico que falou com Lazaroff antes da cirurgia não pôde ser completamente honesto com ele, nunca lhe disseram a verdade, apenas geraram falsas esperanças.
As histórias de Ivan Ilitch e Lazaroff se repetem inúmeras vezes na comunidade médica global. Tratamentos inúteis são oferecidos, em vez de ajudar o paciente a entender que ele vai morrer e assumir essa realidade. Esta situação levou algumas vezes a expor os doentes terminais e os idosos ao sofrimento de tratamentos quase desumanos, com as melhores intenções, mas com os piores resultados.
INSTRUÇÕES PRÁTICAS
Os gravemente enfermos precisam, acima de tudo, de serem ouvidos e compreendidos.
Diante de uma doença terminal, devem ser feitos esforços para melhorar a qualidade de vida do paciente sem oferecer tratamentos inúteis ou falsas esperanças.
Você deve sempre ser honesto com os doentes para ajudá-los a assumir sua realidade.
PERGUNTAS
Qual tem sido sua experiência com pessoas gravemente doentes?
Você acha importante que os médicos tenham um melhor treinamento nos processos de morte?
Se você estivesse gravemente doente, gostaria de conhecer as opções reais à sua disposição?
CAPÍTULO 02: POR QUE ESTÁ ACEITANDO O ENVELHECIMENTO FUNDAMENTAL E MORTE?
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