A Dama Das Orquídeas. Barbara Cartland. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
Жанр произведения: Языкознание
Год издания: 0
isbn: 9781782137375
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também se levantou e caminharam juntos para o pequeno hall de entrada.

      O pequeno e antigo trole do Sr. Mercer estava à espera dele, puxado por um cavalo jovem que o levaria com rapidez à pequena cidade de Huntingdonshire, onde ficava seu escritório.

      O advogado subiu, o jovem criado que segurava a cabeça do cavalo sentou-se ao seu lado e partiram.

      Minella acenou, entrou e, enquanto fechava a porta, pensou em como era difícil acreditar, que aquela casa não fosse mais sua e que não tivesse a menor ideia de para onde ir.

      A não ser… e a ideia pairava como uma ameaçadora nuvem negra… que fosse morar com tia Esther.

      Lembrava-se de cada termo da carta que a tia escrevera depois que a morte de seu pai havia sido noticiada nos jornais.

      Além de não haver nenhum calor ou afeto nas palavras escritas por ela, ainda colocara uma nota:

       “P.S. Como nossa família atualmente é muito reduzida, acho que você terá que vir morar comigo. Será mais um fardo para eu carregar, mas, como nunca tive outra coisa em minha vida, estou acostumada.”

      —Um fardo!

      Aquela palavra soara como um tapa no rosto de Minella.

      Com um orgulho que desconhecia, tivera vontade de responder que nunca seria um fardo para ninguém.

      «E por que seria?» pensava. «Sou jovem, bem-educada e inteligente. Deve existir alguma coisa que eu possa fazer para ganhar meu sustento!”.

      Porém, não conseguia encontrar a resposta para essa dúvida.

      Voltando para o escritório, lembrou que, enquanto conversava com o Sr. Mercer, tinha resolvido fazer uma limpeza na escrivaninha de seu pai.

      Não queria que os novos proprietários da mansão, que a tinham comprado por uma soma considerável junto com quase toda a mo- bília, ficassem a par da vida particular do último lorde Heywood.

      Minella sabia que, quando os aldeães, os fazendeiros e os poucos vizinhos dos arredores da mansão falavam de seu pai, era com admi- ração, porque gostariam de ser tão espirituosos e inteligentes como ele. Às vezes, também o censuravam, por causa da maneira como ele se divertia em Londres e das histórias sobre as pessoas elegan- tes a quem se associava, que, mais cedo ou mais tarde, sempre chegavam ao condado.

      «Eles não têm nada com isso!» pensava Minella.Entretanto, sabia que, se deixasse cartas na casa, eles as leriam e, se encontrassem contas, um programa de teatro, uma fita, uma luva ou um lenço perfumado, fariam comentários muito desagradáveis e alimentariam as histórias que já estavam surgindo a repeito de seu pai.

      Percebera isso pelo modo como as pessoas da aldeia a olhavam e pelo tom de reprovação na voz do pastor, ao realizar o serviço do funeral.

      O velho pastor era um homem simples e, embora sempre tivesse sido grato pela generosidade que lorde Heywood demonstrava, não aprovava a vida que ele passara a levar depois da morte da esposa.

      Seu pai rira quando outrora, ela lhe havia falado dos comentários que as pessoas faziam sobre suas constantes viagens a Londres.

      —Ainda bem que forneço assuntos para eles conversarem!— dissera ele—. Pelo menos, saíram dos nabos, das couves-de-bruxelas, do clima e da probabilidade de a torre da Igreja estar caindo!

      —Oh, de novo não, papai!— replicara Minella, sabendo que seu pai tinha contribuído com muito dinheiro para as reformas da Igreja.

      —Sabe qual a única resposta para isso, minha boneca? Deixem cair! E, como eles acham que é isso o que está acontecendo comigo, talvez fosse o mais apropriado.

      Minella riu.

      —Eles gostam de falar do senhor, papai, essa é que é a verdade! Não sei que assunto teriam, se o senhor desaparecesse de repente.

      E fora exatamente isso que havia acontecido! Agora, ela sentia que as conversas voltariam a girar, a respeito de nabos e de couves-de-bruxelas.

      Sentou-se na cama na frente da escrivaninha e abriu a primeira gaveta.

      Havia ainda a costumeira confusão de lápis com pontas quebradas, canetas inúteis, canhotos de talões de cheque, e duas moedas de três pence, onde seu pai tinha feito um furo depois de terem sido usadas num pudim de Natal. Sua mãe dissera que eram talismãs da sorte e o pai prometera colocá-las na corrente do relógio, mas, claro, havia se esquecido de fazê-lo.

      Agora, as moedas pareciam embaçadas, como também Os botões que já tinham pertencido ao uniforme de um criado.

      O lorde Heywood anterior, tio de seu pai, empregava três criados e um mordomo para servi-lo.

      Quando seu pai fora para a mansão, havia um casal muito eficiente para cuidar da casa, uma babá para ela, um valete para seu pai e um jardineiro.

      Gradualmente, todos eles tinham ido embora, com exceção da velha babá de Minella.

      Margaret cuidara de sua mãe desde criança e tinha sido o suporte principal da casa até morrer, com setenta e nove anos, pouco antes de sua mãe.

      Depois disso, ficaram apenas duas ou três criadas diaristas que, apesar de limparem bem a mansão, estavam sempre apressadas para voltar para suas casas.

      Agora, não havia mais ninguém. . .

      Após a morte de seu pai, Minella passara a ignorar a poeira acumu- lada nos aposentos que não usava. Havia resolvido que não fazia o menor sentido gastar dinheiro em criadas, e que sozinha conseguiria muito bem dar conta do serviço.

      Tirou da gaveta um bloco em que seu pai fizera várias contas, rasgou-o e jogou-o no cesto de lixo.

      Juntou o resto das coisas e pensou que colocaria tudo numa caixa. Não sabia o que faria com aquilo, mas, pelo menos, guardaria os botões de prata com o brasão da família e os dois talismãs da sorte.

      Depois que certificou-se de que não havia mais nada capaz de des- pertar os comentários das pessoas, fechou a gaveta que estivera exami- nando e abriu uma outra, que estava repleta de correspondência recebida.

      Percebeu que seu pai raramente respondia às cartas, mas que as guar- dava na gaveta, por ordem de chegada, pretendendo, quem sabe, res- pondê-las um dia.

      Minella começou a abrir as cartas, rasgando e jogando fora as que não tinham maior interesse.

      Um exemplo típico:

       “Querido Roy:

       Gostaríamos imensamente de que aceitasse nossa hospedagem para o Grande Baile. Sei que você é a única pessoa capaz de tor- ná-lo agradável. Esperamos também que traga aquele grupo de St. Pancras...”

      Havia muitas outras cartas escritas no mesmo estilo, com os ende- reços no topo da lauda, geralmente decorada pelo brasão da família.

      Cada uma, entretanto, deixava claro que seu pai era convidado porque divertia as pessoas, ou, como dizia um convite escrito com letra de mulher:

      “Tudo será um fracasso total se você não estiver conosco para, como sempre, nos fazer rir e, no que me diz respeito par- ticularmente, para me fazer muito feliz...”

      Minella rasgou à carta rapidamente, pois teve a sensação de que qualquer pessoa que a lesse daria uma interpretação sarcástica e ma- liciosa sobre as relações de seu pai com as mulheres, e ela não queria que isso acontecesse.

      Em seguida, não querendo invadir a vida particular de seu pai, pas- sou a rasgar as cartas sem tirá-las dos envelopes.

      Estava para rasgar a última, quando o nome nas costas do envelope chamou sua atenção: “Connie”.

      Observou-o e achou que conhecia aquela letra. Imediatamente lembrou-se: Constance Langford era a filha do pastor da aldeia vizinha à que eles moravam.

      O pai dela era um