Scarlett tentou se lembrar de como ela mesma havia chegado àquele lugar. Era um lugar que ela nunca teria ido voluntariamente. Será que ela tinha sido trazida ali? Seu primeiro pensamento foi de que talvez ela tivesse sido estuprada; mas ela olhou para baixo e se viu completamente vestida, sabia que não tinha sido isso. Ela pensou no que havia acontecido, tentou se lembrar da noite anterior.
Mas era tudo um doloroso borrão. Scarlett lembrava-se em flashes: um bar ao lado da Rota 9… uma briga… Mas era tudo tão nebuloso. Ela não conseguia se lembrar dos detalhes.
“Você sabe que está sob a nossa ponte, não sabe?”, um dos vagabundos disse enquanto se aproximavam, chegando cada vez mais perto. Scarlett se colocou rapidamente sobre suas mãos e joelhos e, em seguida, ficou em pé, de frente para eles, ela tremia por dentro, mas não queria aparentar medo.
“Ninguém vem aqui sem pagar o pedágio”, disse outro.
“Eu sinto muito”, disse ela. “Eu não sei como cheguei aqui.”
“Esse foi o seu erro”, disse o outro, com uma voz gutural, sorrindo para ela.
“Por favor,” Scarlett disse, tentando parecer durona, mas com a voz trêmula, enquando dava um passo para trás, “Eu não quero nenhum problema. Vou sair agora. Sinto muito.”
Scarlett se virou para sair, seu coração batia forte no peito, quando, de repente, ela ouviu passos correndo e, em seguida, sentiu um braço apertar seu pescoço, uma faca apertando sua garganta e um hálito horrível de cerveja em seu rosto.
“Não, você não sente, querida”, disse ele. “Nós ainda nem começamos a conversar”.
Scarlett lutou, mas o homem era muito forte para ela, sua barba raspava em sua bochecha enquanto ele esfregava seu o rosto contra o dela.
Logo os outros três apareceram diante dela e Scarlett gritou enquanto lutava sem sucesso, então sentiu mãos terríveis escorregando pelo seu estômago. Uma delas chegou a sua linha de cintura.
Scarlett resistia e se contorcia, tentando fugir – mas eles eram muito fortes. Um deles se abaixou, arrancou o cinto e o jogou, ela ouviu o barulho de metal bater no cimento.
“Por favor, deixe-me ir!” Scarlett gritou, enquanto se contorcia.
Uma quarta mão se abaixou e pegou sua calça jeans pela cintura e entçao começou a puxá-la, tentando arrancá-la. Scarlett sabia que, em alguns momentos, se ela não fizesse alguma coisa, ela seria machucada.
Algo dentro dela estalou. Ela não entendia o que era, mas havia dominado-a completamente, uma inundação de energia passava através dela, subia por seus pés e alcançava suas pernas e seu torso. Ela sentia como se fosse um calor escaldante, que disparava através de seus ombros e braços, percorrendo todo o caminho até a ponta de seus dedos. Seu rosto corou e seus pêlos se eriçaram por todo o corpo, ela sentiu um fogo queimando-lhe por dentro. Sentiu uma força que ela não compreendia, sentiu que era mais forte do que todos aqueles homens, mais fortes do que o universo.
Em seguida, ela sentiu algo mais: uma raiva primordial. Era um sentimento novo. Ela não tinha mais o desejo de fugir – agora ela queria ficar ali e fazer aqueles homens pagarem. Queria parti-los, membro por membro.
E, por fim, sentia mais uma coisa: fome. Uma fome atroz profunda que lhe dava uma necessidade de se alimentar.
Scarlett se inclinou para trás e rosnou, um som que era assustador mesmo para ela; suas presas cresceram sobre seus dentes quando ela tomou impulso e chutou o homem que segurava seus jeans. O chute fora tão cruel que o homem voou pelo ar por uns 20 metros até ele bater a cabeça contra a parede de concreto. E então ele caiu, inconsciente.
Os outros recuaram e largaram Scarlett, estavam de bocas abertas em estado de choque e medo quando olharam para ela. Parecia que perceberam que haviam cometido um erro muito grande.
Antes que pudessem reagir, Scarlett se virou e deu uma cotovelada no homem que a segurava, quebrando-lhe a mandíbula com força, ele rodopiou duas vezes e caiu, inconsciente.
Scarlett se virou rosnando e encarou os outros dois, como uma fera olhando para a sua presa. Os dois vagabundos ficaram paralisados, com os olhos arregalados de medo e Scarlett, ao ouvir um barulho, olhou para baixo e viu um deles fazer xixi nas calças.
Scarlett se abaixou, pegou seu cinto do chão e caminhou para a frente casualmente.
O homem cambaleou para trás, petrificado.
“Não!”, Ele choramingou. “Por Favor! Eu não quis dizer aquilo!”
Scarlett pulou para a frente e enrolou o cinto em volta do pescoço do homem. Ela, então o levantou com uma das mãos, os pés dele ficaram pendurados acima da terra, o homem estava ofegante enquanto apertava o cinto. Ela o segurou ali, no alto, até ele finalmente parar de se mover e o deixou cair no chão, morto.
Scarlett se virou e encarou o último, ele estava chorando, com medo de ser executado. De presas à mostra, ela deu um passo para frente e as penetrou na garganta do homem. Ele balançou em seus braços e, em seguida, após alguns momentos, ele estava no meio de uma poça de sangue, inerte.
Scarlett ouviu uma correria distante, e ela olhou para ver o primeiro vagabundo despertar, gemendo, se levantando aos poucos de pé. Ele olhou para ela, seus olhos estavam arregalados de medo e então rapidamente ficou apoiado em suas mãos e joelhos, tentando fugir.
Ela partiu para cima dele.
“Por favor, não me machuque”, ele implorou, chorando. “Eu não quis dizer nada daquilo. Eu não sei o que você é, mas eu não quis dizer aquilo.”
“Eu tenho certeza que você não quis”, ela respondeu, com uma voz sombria, desumana. “Assim como eu não quero dizer o que estou prestes a fazer com você.”
Scarlett o pegou pela parte de trás da camisa, o girou e o atirou com toda a força para cima.
O vagabundo saiu voando como um míssil em direção a parte de baixo da ponte, sua cabeça e ombros esmagaram o cimento até ele sair do outro lado, ouviu-se o som de escombros caindo por todos os lados quando ele atravessou a ponte até ficar ali, pendurado com suas pernas balançando.
Scarlett correu até a parte superior da ponte em um único salto e ela o viu, sua parte superior do tronco estava presa no concreto, ele gritava, sua cabeça e ombros encontravam-se expostos, estava incapaz de se mover. Ele se contorcia, tentando se libertar.
Mas não conseguia. Era um alvo fácil para qualquer carro que aparecesse.
“Tire-me daqui!”, ele exigiu.
Scarlett sorriu.
“Talvez da próxima vez”, disse ela. “Aproveite o trânsito.”
Scarlett se virou e pulou, voando para o céu, o som dos gritos do homem ficavam cada vez mais fracos à medida que ela voava mais alto, mais longe daquele lugar, sem ter idéia de onde estava, ela já nem se importava. Apenas uma pessoa apareceu em sua mente: Sage. Seu rosto pairava diante dela, bem no centro de sua mente, seu queixo e lábios perfeitamente esculpidos, seus olhos cheios de emoção. Ela podia sentir seu amor por ela. E ela correspondi este amor.
Ela não sabia mais onde era seu lar neste mundo, mas ela não se importava, desde que estivesse com ele.
Sage, ela pensou. Espere por mim. Eu estou indo encontrá-lo.
CAPÍTULO SEIS
Maria se sentou com suas amigas à beira da plantação de abóboras, ela odiava sua vida, estava com tanta inveja delas. Todo mundo parecia ter um namorado, menos ela. E quem não tinha parecia ter uma ligação muito forte com os amigos, eram inseparáveis.
Maria se sentou sobre uma pilha de abóboras, Becca e Jasmine ficaram ao seu lado, mas ela realmente não sabia mais onde se encaixava. Maria costumava ter uma panelinha tão forte, um grupo de amizade eterna e indissolúvel,