Uma Justa de Cavaleiros . Морган Райс. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Серия: Anel Do Feiticeiro
Жанр произведения: Героическая фантастика
Год издания: 0
isbn: 9781632916709
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conhece e perdido sua última chance de redenção.

      O silêncio que se segue é interrompido pelo latido de um cão selvagem e Godfrey fica surpreso ao ver Dray surgir a partir de um dos becos da cidade, latindo e rosnando como um louco ao mesmo tempo em que corre atrás de seu mestre. Ele também está desesperado para salvar Darius e, ao alcançar os enormes portões da cidade, Dray salta e se joga contra eles, tentando inutilmente abrir caminho com suas presas.

      Godfrey, horrorizado, observa quando os soldados do Império responsáveis pela guarda dos portões veem Dray e fazem um sinal. Um deles saca sua espada e se aproxima do cachorro, claramente se preparando para matá-lo.

      Godfrey não sabe o que acontece em seguida, mas algo de repente toma conta dele. Aquilo tudo é muita injustiça para ele. Se ele não puder salvar Darius, ele deve, ao menos, salvar seu amado cão.

      Godfrey ouve seu próprio grito e sente que está correndo, mas tudo aquilo lhe parece uma experiência extracorpórea. Com uma sensação surreal, ele se vê sacando a sua pequena espada e correndo para cima do guarda desavisado. Quando o homem finalmente se vira, Godfrey se vê enfiando a sua arma no coração do guarda.

      O grande soldado do Império, incrédulo, olha para Godfrey com os olhos arregalados e fica parado no lugar por um instante. Em seguida, ele cai no chão, morto.

      Godfrey ouve um grito e vê os outros dois guardas do Império partindo para cima dele. Eles carregam armas assustadoras e Godfrey sabe que não é páreo para eles. Ele irá morrer ali, diante daqueles portões, mas ao menos morrerá após seu gesto nobre.

      Um rosnado corta o ar e Godfrey vê, pelo canto do olhos, quando Dray se vira e salta em cima do guarda que se aproxima de Godfrey. Ele enfia suas presas no pescoço do homem, prendendo-o no chão e mordendo-o até que o guarda para de se mover.

      Ao mesmo tempo, Merek e Ario se aproximam e usam suas espadas curtas para golpear o guarda que está atrás de Godfrey, matando-o antes que ele possa fazer qualquer mal.

      Todos eles ficam ali parados em silêncio enquanto Godfrey olha para aquela carnificina, espantado com o que tinha acabado de fazer e surpreso por ter aquele tipo de coragem. Dray se aproxima e lambe as costas das mãos de Godfrey.

      "Eu não achei que você fosse capaz disso," diz Merek em tom de admiração.

      Godfrey fica imóvel, ainda atordoado.

      "Eu ainda não tenho certeza do que fiz," ele responde com sinceridade. Ele não tinha tido a intenção de fazer aquilo, tendo simplesmente agido por impulso. Aquilo ainda faz dele um herói? Ele se pergunta.

      Akorth e Fulton olham em todas as direções, absolutamente assustados, procurando por qualquer sinal dos soldados do Império.

      "Temos que sair daqui!" Akorth grita. "Agora!"

      Godfrey sente braços em torno de seu corpo e se vê sendo levado embora. Acompanhado por Dray, ele se vira e corre com os outros, deixando a cidade e correndo na direção do que o destino lhes reserva.

      CAPÍTULO SETE

      Darius, com os punhos algemados aos seus calcanhares por uma longa corrente e coberto de hematomas e ferimentos, encosta suas costas nas barras de ferro da carroça, sentindo-se sobrecarregado. Enquanto eles avançam, sacudindo pela estrada esburacada, ele olha para fora e observa o céu do deserto entre as barras de sua jaula com uma sensação de absoluto desamparo. Sua carroça passa diante de uma paisagem estéril que parece não ter fim; não há nada, exceto a desolação, até onde seus olhos são capazes de enxergar. É como se o mundo tivesse acabado.

      A carroça de Darius é coberta, mas raios de sol atravessam as barras de sua jaula e ele sente o calor intenso do deserto atingindo-o em ondas, fazendo com que ele transpire até mesmo na sombra e aumentando o seu desconforto.

      Mas Darius não se importa. Seu corpo está doendo dos pés à cabeça, coberto de hematomas, ele tem dificuldade para mover seus membros e está completamente exausto após os intermináveis dias de luta na arena. Incapaz de cair no sono, ele fecha os olhos e tenta apagar as lembranças de sua mente, mas todas as vezes que ele faz isso, as imagens das mortes de seus amigos Desmond, Raj, Luzi e Kaz voltam a assombrá-lo. Todos eles haviam morrido para que ele sobrevivesse.

      Ele é o campeão, tendo conseguido fazer o impossível, mas isso não lhe importa agora. Ele sabe que a morte se aproxima; sua recompensa, afinal, é ser enviado para a capital do Império, tornando-se um espetáculo para a grande arena e enfrentando inimigos ainda piores. A recompensa por tudo aquilo, por todos os seus atos de bravura, é a morte.

      Darius prefere morrer agora a ter que passar por tudo aquilo novamente. Mas não é ele quem decide isso; ele continua algemado ali, completamente indefeso. Por quanto tempo mais ele terá que suportar aquela tortura? Ele será obrigado a testemunhar a morte de todas as pessoas que ele ama antes de encontrar o seu próprio fim?

      Darius fecha os olhos mais uma vez, tentando desesperadamente bloquear as suas lembranças; ao fazer isso, uma lembrança de sua infância invade os seus pensamentos. Ele está brincando diante da cabana de seu avô com um cajado nas mãos. Ele acerta uma árvore várias vezes até que seu avô se aproxima e tira a arma de suas mãos.

      "Não brinque com isso," seu avô o adverte. "Você quer chamar a atenção do Império? Quer que eles pensem que você é um guerreiro?"

      Seu avô havia partido o cajado ao meio e Darius tinha sido consumido pela raiva. Aquilo havia sido mais do que um simples pedaço de madeira: aquele era seu poderoso cajado, a única arma que ele tinha. Aquele cajado significava tudo para ele.

      Sim, quero que pensem que eu sou um guerreiro. Não há nada que eu queira mais nessa vida, Darius pensa.

      Mas quando seu avô havia lhe dado as costas e começado a se afastar, Darius não tinha tido coragem de dizer aquilo em voz alta.

      Ele havia simplesmente pegado os dois pedaços de madeira no chão, segurando-os nas mãos enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ele havia jurado vingar-se de todos eles por causa de sua vida, de sua vila, de sua situação, do Império e por todas as outras coisas que ele não podia controlar.

      Ele acabaria com todos eles. E seria conhecido apenas como um grande guerreiro.

*

      Darius não sabe ao certo quanto tempo havia se passado quando ele finalmente desperta, mas percebe imediatamente que o brilho forte do sol manhã havia mudado para tons alaranjados, indicando que a tarde está chegando ao fim. O ar também está bem mais fresco e seus ferimentos haviam começado a cicatrizar, dificultando sua movimentação e impedindo-o de mudar de posição naquela carroça desconfortável. Os cavalos continuam avançando sem parar pelo chão duro do deserto e o barulho contínuo de sua cabeça batendo contra as grades faz Darius sentir que seu crânio está prestes a se partir. Ele esfrega os olhos, removendo a poeira de seus cílios, e se pergunta quanto tempo falta para que eles cheguem até a capital. Ele tem a sensação de estar viajando para o fim do mundo.

      Darius pisca algumas vezes e olha para fora da carroça, esperando ver, como sempre, o horizonte vazio e a vastidão do deserto. Mas desta vez, ao olhar para a paisagem, ele se surpreende ao ver outra coisa. Ele ajusta sua postura pela primeira vez.

      A carroça começa a diminuir o ritmo, os cavalos se acalmam, a qualidade da estrada melhora e, ao analisar a nova paisagem, Darius vê algo que ele nunca será capaz de apagar de sua mente: erguendo-se a partir do deserto como uma civilização perdida, os muros de uma cidade se estendem até onde seus olhos são capazes de enxergar. O muro apresenta enormes portões dourados e, ao ver os parapeitos repletos de soldados do Império, Darius imediatamente percebe que eles haviam chegado à capital.

      Darius nota que a carroça está fazendo um barulho diferente e, ao olhar para baixo, vê que eles estão passando em cima de uma ponte levadiça. Eles passam diante de centenas de soldados do Império, alinhados ao longo da ponte, que entram em atenção ao vê-los se aproximando.

      Um barulho corta o ar e Darius vê os grandes portões dourados se abrindo completamente como se para recebê-lo de braços abertos. Ele vê o brilho da cidade mais magnífica que ele já havia conhecido