Toya deu um sorriso meio sincero.
â Então, ela mentiu para você e te dispensou dizendo que estava saindo COMIGO. Ha! â Mesmo sabendo que ela tinha feito o mesmo com ele, ele não deixaria Kotaro saber disso.
Kotaro respirou fundo novamente, tentando manter seu temperamento sob controle. Era como falar com uma maldita criança.
â Isto não é uma droga de jogo, pirralho. Garotas estão desaparecendo a torto e a direito no campus e na cidade há mais de um mês. Agora, nenhum de nós sabe onde Kyoko está. â Kotaro podia ouvir o pânico em sua própria voz, mas ignorou. â Você tem alguma ideia para onde ela poderia ter escapado?
Toya podia sentir seu peito se esmagando com preocupação pensando que Kyoko estava em perigo.
â Droga! â virou-se para a porta de Suki e começou a bater até que ele ouviu a porta fazer um ligeiro som de quebra, fazendo-o aliviar as batidas. Ninguém atendeu.
â Merda! â Quase em estado de pânico, Toya procurou seu telefone celular esperando que Shinbe soubesse onde as meninas estavam. â Atende, seu tarado! â gritou ele para o telefone que ainda estava tocando. Depois do quarto toque, Shinbe finalmente atendeu.
â Shinbe! Você sabe onde Suki e Kyoko estão? â Ele deu uma olhada para Kotaro quando ele se aproximou como se estivesse esperando para ouvir a resposta.
Na outra extremidade do telefone, Shinbe deu um sorriso esclarecedor.
âTalvez...
*****
Kyou ficou escondido na escuridão enquanto observava a menina com seus amigos. Ele ficou sabendo que seu nome era Kyoko ao ouvir sua conversa. Até o momento, o menino chamado Tasuki tinha mantido as mãos quietas, o que era bom, considerando que Kyou decidiu deixá-lo viver, desde que ele não se aproximasse demais dela. Ele parecia inofensivo o suficiente, mas um pouco apaixonado demais por ela.
Chegaram à pista de dança e a menina e a amiga tinham começado a dançar juntas. A forma como elas estavam dançando era indecente.
â Deve ser o álcool que ela consumiu tão rapidamente â ele teve dificuldade em acreditar o contrário.
Um grunhido baixo vibrou em seu peito quando sua visão foi obstruÃda por um grupo de malandros humanos. Ouvindo seu aviso e depois vendo o congelante olhar dourado que ele enviou, eles rapidamente foram para o outro lado da boate. Os cantos dos lábios de Kyou indicavam um sorriso divertido quando ele viu o jeito como os malandros saÃram em disparada.
Ele voltou sua atenção para a pista de dança, se concentrando na jovem que o deixava perplexo. A visão que teve fez seu sangue ferver com ira. Um grunhido cruel surgiu de algum lugar desconhecido enquanto olhos dourados zangados piscavam vermelho de sangue.
O inofensivo Tasuki estava dançando com Kyoko como se estivesse seduzindo-a.
*******
Kyoko foi se perdendo na sensação das mãos de Tasuki sobre seus quadris, acariciando a pele nua na cintura dela quando ele assumiu o controle da dança. Ele realmente estava sexy com o cabelo desarrumado e com a dança sensual que estavam fazendo. Uma risadinha escapou de seus lábios quando pensou nisso.
Ao senti-lo acariciar sua pele na base de sua coluna, ela notou que os olhos do rapaz estavam quase completamente pura ametista.
Suki, decidindo que precisava de algo frio e molhado, bateu na bunda de Kyoko.
â Ei, vocês dois! Preciso de algo refrescante - riu de sua frase tola enquanto arrastava o casal para a mesa que haviam ocupado anteriormente na esperança de outra bebida.
*****
Kyou estava tentando desesperadamente acalmar seu sangue furioso. Seu nervo de ferro e conduta calma desapareceram completamente ao testemunhar o garoto Tasuki dançando com Kyoko como se ele fosse seu amante.
Nos recessos de sua mente, ele sabia que precisava acalmar-se rapidamente, caso contrário, Hyakuhei sentiria sua presença, se ele ainda não o tivesse feito. Respirando fundo para se acalmar, ele mentalmente repreendeu-se por sua tolice.
Durante séculos, ele havia sido um demônio da noite, frio e indiferente. Sua determinação era como uma montanha que nunca oscilava e jamais poderia ser forçada à submissão. Suas emoções eram mantidas pelo seu exterior frio e inquebrável por uma razão, para que ele pudesse esconder sua aura do verdadeiro inimigo.
Em uma noite, a presença de uma jovem, além de inocente e pura, tinha feito ele vacilar pela primeira vez em sua vida de morto-vivo.
Indiferentes ao enfurecido vampiro de cabelos prateados, o trio voltou para suas cadeiras. O riso inocente de Kyoko flutuou para ele, mal acalmando sua raiva. Sua tensão aliviou um pouco e ele se questionou por que havia reagido de forma tão possessiva em relação à garota.
Seu olhar estreitou-se, atirando punhais ao menino com ela, prometendo uma morte lenta e agonizante se ele sequer demonstrasse sair da linha de novo. Ela precisava de um guardião.
Kyou não conseguia entender a imensa força que ela exercia sobre ele, mas observá-la tornou-se um vÃcio. Sua beleza e inocência o hipnotizaram e ele começou a se perguntar se sua pele era tão suave quanto parecia. Se zangou ao ver outro copo de bebida colorida parar diante dela.
Com cada gole que ela tomava, o resplendor da luz pura que a rodeava parecia vacilar e enfraquecer. Já estava bem mais difÃcil detectá-la. Se ela continuasse a beber a água do diabo diante de si, logo ela iria cair na escuridão.
Como se estivesse desafiando-o, ele viu quando a menina tirou o canudo do copo e drenou o resto do lÃquido poluÃdo.
Kyou fez algo que não fazia há séculos: sorriu, sabendo agora que o segredo dela estaria a salvo do mal que tinha acabado de entrar na boate. Talvez esconder a aura pura de uma menina tão impossivelmente inocente e linda não era tão ruim, afinal.
Kyou recuou para as sombras assim que seu inimigo emergiu delas.
*****
Hyakuhei atravessou a porta sem dar atenção aos mÃnios que seguiam em sua sombra. Eles poderiam procurar sua própria diversão hoje. Eles só prejudicariam seus planos se ele permitisse que os mÃnios se juntassem a ele. Seus olhos carmim avistaram a demonstração de corpos quentes diante de si com interesse.
Ele havia sentido vida aqui, escondida em algum lugar entre os humanos. A vida tinha chamado por ele como um amante que anseia por seu toque, mas agora a sensação de carÃcia quase acabara, como se fosse extinta.
Ele havia se alimentado bem na noite anterior e não estava sentindo nenhuma necessidade de se alimentar. Não, hoje ele tinha outra coisa em mente. Esta cidade guardava o poder do lendário Cristal do Coração Guardião, ele tinha certeza.
Todas as estradas que ele pegou, buscando a luz escondida, o levaram até aqui. Mesmo agora, ele podia sentir uma luz esquiva escondida sob a escuridão enquanto ele se encostava na parede, observando os humanos.
Vários dos mortais inocentes já o haviam notado e ele sabia que eles iriam até ele, oferecendo suas almas por engano.
A simples atração pelo alto, sombrio e bonito sempre facilitava capturar sua presa. Seus longos cabelos escuros fluÃam ao redor dele em ondas, como pano de fundo para sua aparência incomparável. Ele podia sentir a luxúria emanando dos humanos, mas hoje à noite ele não lhe deu atenção.
Ãs