Copyright © 2020, Alex A. Itsios
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CAPÍTULO 1
Eu sou Melanthios, e alguns dias atrás, meus pais foram brutalmente assassinados pela Árvore de Carne. A árvore demoníaca mantém minha noiva como refém, e me forçou a aceitar uma missão que não tenho certeza que posso cumprir: achar os Cinco Grandes Cavaleiros e levá-los à sua morte. Eu tive sorte de encontrar o primeiro dos Grandes Cavaleiros, o Cavaleiro Branco. O velho cavaleiro de barba branca prometeu me ajudar a encontrar e reunir o resto de seus companheiros, que vagavam pelo vasto Reino de Lycia, mas por agora, devemos matar uma fera gigante de fogo que assola uma vila próxima e a quem o Cavaleiro Branco foi encarregado de silenciar para sempre.
O Cavaleiro Branco me dá um treinamento básico de luta com espadas durante o dia, e parece impressionado com a rapidez que estou aprendendo. Talvez isso tenha mais a ver com a orientação do meu elmo e minha Interface de Controle Neural Avançado do que qualquer outra coisa.
Quando começamos nossa jornada, decidi que queria saber mais sobre os outros Cavaleiros de quem a Árvore de Carne tinha falado, esperando que o Cavaleiro Branco saiba mais sobre eles, especialmente onde encontrá-los.
– E os outros Cavaleiros do reino? – pergunto.
– A maior parte do que ouço são apenas palavras ou rumores de onde meus colegas estiveram a qualquer momento – me diz o Cavaleiro. – Conheci vários deles e lutei com eles, incluindo o Cavaleiro Negro, mas não todos os outros que você mencionou. Por exemplo, eu nunca conheci o Cavaleiro Vermelho nem o Cavaleiro de Osso. Nós vagamos pelo reino, ajudando o povo, fazendo justiça e derrotando o mal e os monstros. Quando morremos, nossas armas e armaduras, como você experimentou, são dadas a um novo guerreiro para continuar a missão.
Os Grandes Cavaleiros existem a séculos em Lycia, e todos eles são lembrados por seus títulos, e não por seus nomes reais. Quando perguntei ao Cavaleiro Branco qual era o nome dele, ele se esquivou da minha pergunta, me dizendo que isso não importava mais e que seu verdadeiro nome era Cavaleiro Branco. Isso explicava como a Árvore de Carne poderia conhecê-los, imaginei. Cada um dos Cavaleiros é um legado de algo criado há muito tempo e continuado como uma tradição de serviço. Mas me perguntei, enquanto acendia nosso fogo, como ele sabia quais os atuais herdeiros desses legados o ajudariam a derrotar seu suposto adversário.
– Há mais nesses Cavaleiros do que apenas as armas e armadura passadas a eles? – perguntei ao Cavaleiro Branco.
– O destino e nosso senhor Hades nos escolhem – ele me diz. – Não pense que essa armadura encantada, que agora você veste, é entregue a qualquer um. Acredite, Melanthios, que você foi escolhido para seu destino. Essa é uma crença verdadeira, e o motivo de após tantos anos, décadas, séculos, nós Cavaleiros ainda andarmos nesse reino.
Então, talvez quando a Árvore de Carne alegou que aqueles outros Cavaleiros ou suas mortes poderiam de alguma forma ajudá-la a derrotar seus inimigos, talvez houvesse algo mais do que os homens, as armaduras, algum poder mágico maior que o ajudaria contra seu adversário. A Árvore de Carne devia ser tão antiga quanto o mundo, de acordo com todas as histórias horríveis que me contaram. Claramente ela deve saber muitas coisas que eu nem consigo imaginar.
– Algum dos Cavaleiros é tão poderoso que poderia ser considerado uma ameaça à Árvore de Carne? – pergunto usando minha espada para acender o graveto.
– Apenas um, eu acho – me diz ele. – Há rumores de que o Cavaleiro Dourado possui os maiores poderes sobrenaturais de todos nós, talvez até o bastante para derrotar um demônio como a Árvore de Carne. Ele deveria vagar nas florestas ao sul. Mas eu nunca o encontrei, nem a alguém que afirma tê-lo visto.
Poderia ser esse o adversário que a Árvore de Carne teme? Eu preciso descobrir.
Mas eu sei que não tenho tempo ilimitado para procurar um cavaleiro poderoso e esquivo que pode ou não existir de verdade.
– Tudo bem, depois de derrotarmos esse monstro, vamos procurar seus colegas cavaleiros – digo.
E então, nós dois seguimos para a vila onde dizem que a fera ardente está. A missão do Cavaleiro Branco no momento é encontrá-la e matá-la. Então, ele prometeu me ajudar a procurar pelos outros Grandes Cavaleiros do reino que poderiam participar da minha missão para derrotar a Árvore de Carne. Ou levá-los diretamente à boca do meu chantagista, se julgar que não há outra opção para salvar meu amor. Também existe uma terceira opção, que me parece pouco provável: derrotar o inimigo maligno que a Árvore de Carne teme. Não consigo nem imaginar que tipo de criatura poderia deixar a monstruosa Árvore de Carne com medo, por isso é improvável que eu consiga cumprir essa missão. Se eu for forte o suficiente para derrotar o oponente da Árvore de Carne, então eu também serei forte o suficiente para derrotá-la.
Deixando minhas preocupações de lado, seguimos em direção à costa de Lycia, onde aquele monstro gigante do mal deveria estar ameaçando os moradores. No caminho, as trilhas se transformam em estradas rurais mais amplas, através de aldeias e florestas densas, felizmente não tão amaldiçoadas quanto a que fica perto da minha aldeia. Durante nossa jornada, o clima se transforma em uma chuva forte que parece não ter fim. Com sorte, como parece não haver uma aldeia aliada, tropeçamos em um pequeno acampamento dentro de uma floresta, um grupo de carroças, vagões, cavalos e pessoas gentis, nos convidam para ficar até que o mau tempo passe.
Eles são aparentemente um grupo amigável e nobre, e nos contam que moram nessa região florestal, viajando de um lugar para outro. Eles nos convidam para sentar perto do fogo, nos oferecendo comida quente, bebida e abrigo.
– Vocês são grandes e nobres guerreiros, é claro que merecem encontrar um lugar quente e seco para descansar – o homem com Nível de Ameaça 2 que se apresenta como Immenithes, o líder do grupo, nos recebe. – Por favor, se sequem e aproveitem o ensopado e bebidas quentes. É o mínimo que podemos fazer por um par de Grandes Cavaleiros como vocês.
Certamente é um alívio depois de andar durante o dia sem abrigo sob o tempo terrível. Me sinto encharcado até os ossos.
– E quem são vocês? – pergunta o Cavaleiro Branco – que acampam aqui na floresta e não buscam uma cidade ou aldeia com tetos resistentes?
– Somos mercadores viajantes – diz Immenithes. – Nós viajamos por essa região vendendo nossos produtos para todos os aldeões e afins. Mas você deve entender que às vezes ficamos presos entre esses lugares.
– Sim – o Cavaleiro Branco ri.
– E quem são vocês? – Uma mulher bonita de cabelo escuro pergunta. Ela está usando um xale sobre o vestido de filigrana, semelhante aos que Leda, meu amor costumava usar. Ela nos dá tigelas de cozido e continua sua pergunta:
– São soldados do novo rei?
– Não tão novo quanto tudo isso, mesmo que meu companheiro aqui seja jovem – diz a ela o Cavaleiro Branco. – Nós somos o que vocês chamariam de Cavaleiros do Reino, encarregados de viajar por Lycia por um chamado. Procuramos o mal e monstros por vontade própria, e protegemos aldeias e pessoas como vocês de tais malfeitores, bandidos e criaturas do desconhecido.
Os grandes olhos castanhos da garota se voltam para mim.
– E você, meu Lorde? – Pergunta a garota, me oferecendo um sorriso.
Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas. Não estou acostumado a ser chamado de ‘meu lorde’ por mulheres bonitas, por ninguém, na verdade.
– Eu sou o