â Chega! â Ela ergueu a mão com tanta rapidez que Yohji nem viu, até que ele ouviu o estalar em sua orelha.
O irmão de Yohji, Hitomi, ouviu o som e se virou para olhar o rosto vermelho de seu irmão. Ele sorriu, entendendo, mas depois olhou por cima de Yohji e viu o menino chamado Tasuki vindo em direção a seu irmão com um olhar lÃvido no rosto.
Sabendo que seu irmão poderia cuidar da menina relutante sozinho, Hitomi deu um passo para frente e ficou diretamente no caminho de Tasuki.
â Onde pensa que está indo, garotinho?
Tasuki olhou além de Hitomi, seus olhos se chocando com os de Yohji. Ele podia ver a mão de Yohji acariciando Kyoko. Sem pensar, ele jogou todo o seu peso no soco dado no estômago de Hitomi. Para seu espanto, o outro menino mal se moveu.
Sendo muito maior do que o calouro da faculdade, Hitomi deu um soco em Tasuki, fazendo-o voar em direção à parede do corredor. Ele encolheu os ombros, imaginando que o garoto não voltaria e se voltou para ver o seu irmão curtir seu novo brinquedo.
Ver a luta da menina para se soltar trouxe um sorriso aos lábios de Hyakuhei.
â Então, essa garota não é fácil de ser domada. Terei prazer em amansá-la. â Olhando para o jovem que tinha vindo defender a honra de Kyoko, Hyakuhei decidiu quem ele queria como seu mais novo recruta.
Ele rapidamente pegou o garoto chamado Tasuki antes que ele se chocasse com a parede.
Seus sentidos lhe disseram que o menino ainda era puro, virgem. Que estranho. Rapidamente escondendo-os na escuridão para evitar que os outros vissem, Hyakuhei olhou para ele. Ele havia observado como Tasuki interagia com esta menina e várias outras. Ele seria uma boa escolha.
â Bem-vindo à escuridão, meu filho â sussurrou enquanto afundava suas presas na veia de Tasuki. Os olhos de Hyakuhei se arregalaram com o sabor do sangue do menino. Um poder escondido? Tinha gosto de ametista. Ele agarrou o menino mais apertado, querendo mais.
Tasuki tomara o golpe no rosto com segurança, já que tinha tanta adrenalina pulsando dentro de si. Ele planejou revidar, mas, como havia braços o envolvendo por trás, tudo ficou escuro e ele se sentiu paralisado por um medo imediato. Uma voz suave e quase sedutora deu-lhe as boas-vindas à escuridão.
Ele ofegou quando sentiu dentes afiados em seu pescoço. à medida que sua vida se esvaÃa, seus últimos pensamentos foram em Kyoko e o quanto ele precisava chegar até ela. Ele estava estendendo a mão em uma última tentativa de ir até ela quando o esquecimento veio, tomando seu último suspiro.
*****
A mão de Kyoko ainda queimava do impacto que tinha feito com o rosto de Yohji. Ela queria se encolher agora que podia sentir muitos olhos curiosos sobre ela. Não ajudou nada o fato da bofetada ter soado como um tiro.
Dane-se tudo! Isso foi o que ela tentou evitar, mas não, Yohji tinha que ser um idiota. Falando em idiotas, ele ainda não havia tirado as mãos de cima dela. Ela lentamente olhou de volta para ele. Pelo olhar irritado nos olhos dele, ela viu que ele não planejava soltá-la.
Ela devolveu o olhar enfurecido, esperando para ver se ele revidaria ou a soltaria. Se ela fosse apostar, escolheria a primeira opção.
Kyou sabia que o pequeno tapa de uma garota não era compatÃvel com a lascÃvia que vinha do cara que a segurava com tanta força. Ele mentalmente destruiu o pervertido por ousar tocar o que ele pretendia reivindicar como sua posse. De repente, tomou uma decisão, não se importando mais se Hyakuhei o detectou ou não. Assim que Kyou se moveu para sair das sombras, com a intenção de afastá-la do assediante, ele ouviu um grunhido profundo.
Momentaneamente atordoado, Kyou sabia que esse tipo de rosnado só pertencia a um licantropo. Seus olhos dourados seguiram o som para sua origem. O som continuava a vibrar da entrada, a apenas alguns metros da menina. A raiva do lobo inundou o corredor cheio de gente.
Os olhos de Kyou se estreitaram na cena, imaginando se ele podia confiar em uma força atemporal estando tão perto da garota. Ele não via um licantropo desde que havia sido transformado pela primeira vez e, depois, ele apenas se distanciou. Se lembrou de ter dito uma vez para Toya que vampiros e lobisomens não se misturavam. Toya perguntou-lhe por que, mas ele não havia respondido porque só estava repetindo as palavras de Hyakuhei e não sabia o motivo.
Kotaro deu uma olhada em Yohji tateando "sua mulher" e enlouqueceu. Num piscar de olhos, Yohji foi arremessado contra a parede com a mão de Kotaro em sua garganta, levantando-o vários centÃmetros no ar. Ele havia lidado com os irmãos pervertidos antes e onde um estava, o outro sempre seguia.
Seus sentidos estavam em alerta quando sentiu o cheiro de Hitomi e sabia que ele estava vindo por trás. Com um chute bem colocado, Kotaro fez Hitomi voar, para depois cair como um amontoado no chão do corredor. As pessoas se espalharam e o corredor rapidamente ficou vazio.
Kyoko sentou-se no chão com os olhos arregalados, mal acompanhando o que acabava de acontecer, já que foi tudo muito rápido. Seu olhar foi do corpo amassado de Hitomi para a forma furiosa de Kotaro, que segurava o pescoço de um Yohji que estava ficando azul.
Sabendo que ela tinha que parar Kotaro antes que ele realmente machucasse alguém, Kyoko ofegou e começou a se levantar. Ao pressionar as mãos no chão, ela tropeçou atrás de Kotaro, pousando uma mão no ombro dele enquanto tentava acalmá-lo.
â Obrigada, Kotaro, mas estou bem agora, então você pode soltar o Yohji, tá? âSua voz era suave, mas seu pânico aumentou quando os dedos de Kotaro apertaram a garganta de Yohji. Kotaro virou o rosto para Kyoko e ela deu um passo assustado para trás, vendo o tom vermelho em torno dos olhos azuis dele.
â Vi onde as mãos dele estavam, Kyoko, e acho que é hora de levar o lixo para fora. â Kotaro resmungou quando ele se voltou para Yohji e ouviu com um fascÃnio mórbido quando o menino fazia sons guturais e assumia uma tonalidade azul assustadora.
O temperamento de Kotaro estava satisfeito com a cor mais escura, dando-lhe o controle suficiente para perceber que Kyoko o estava olhando chocada. Precisando aliviar o medo dela, ele agarrou Yohji pela gola da camisa e se dirigiu para a porta para ensinar ao bastardo alguns bons modos. Ela não precisava ver o resto.
Kyoko piscou quando a porta se fechou atrás de Kotaro. Perplexa, ela ainda estava em um torpor devido ao choque. Nossa! Kotaro podia ser realmente assustador quando estava bravo. Ela até sentiu pena de Yohji naquele momento.
Olhando por cima do ombro, viu o irmão de Yohji, Hitomi, ainda deitado onde Kotaro o tinha deixado no chão. Pela primeira vez, ela não se importou que Kotaro fosse seu protetor. Ela estremeceu e tentou não pensar no que poderia ter acontecido se Kotaro não tivesse aparecido na hora.
Kyou observou ela roer o lábio inferior como se estivesse incerta sobre o que fazer. Quando o olhar dela viajou de volta à porta, ele pensou. Então, ela tem a proteção do licantropo. Ele se perguntou que outros mistérios cercavam a menina. Este não era um lobo normal, aquele que ela chamara de Kotaro, ele podia sentir que era tão velho quanto ele.
Kyoko aproximou-se das portas de vidro olhando para o estacionamento escuro, imaginando onde Kotaro tinha ido. Colocando a mão na maçaneta, ela começou a abrir a porta, mas um jovem entrou na frente dela, bloqueando seu caminho. Ela permaneceu imóvel por um momento quando o garoto fixou seus olhos nos dela. Foi o sentimento mais esquisito que já experimentara.
O menino tinha cabelos brancos sólidos e um tom de pele que era quase igual aos cabelos. Mas essa não era a pior parte. Seus olhos eram tão negros que pareciam continuar para sempre, dando a Kyoko a sensação de que ela estava mergulhando