Obras Completas de Luis de Camões, Tomo III. Luis de Camoes. Читать онлайн. Newlib. NEWLIB.NET

Автор: Luis de Camoes
Издательство: Public Domain
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Жанр произведения: Зарубежные стихи
Год издания: 0
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insano

      Deo a morte a Heitor Troiano;

      Mas agora a fome mata

      O nosso Heitor Lusitano.

      Só ella o póde acabar,

      Se essa vossa condição

      Liberal e singular

      Não mete entr'elles bastão,

      Bastante para o fartar.

– oOo —A HUMA SENHORA, QUE LHE CHAMOU DIABOEsparsa

      Não posso chegar ao cabo

      De tamanho desarranjo,

      Que sendo vós, Senhora, Anjo,

      Vos queira tanto o Diabo.

      Dais manifesto sinal

      De minha muita firmeza,

      Que os diabos querem mal

      Aos Anjos por natureza.

– oOo —CANTIGA

      Vi chorar huns claros olhos,

      Quando delles me partia.

      Oh que mágoa! Oh que alegria!

Voltas

      Polo meu apartamento

      Se arrazárão todos d'ágoa.

      Quem cuidou qu'em tanta mágoa

      Achasse contentamento?

      Julgue todo entendimento

      Qual mais sentir se devia,

      Se esta dor, se esta alegria?

      Quando mais perdido estive,

      Então deo a est'alma minha

      Na maior mágoa que tinha,

      O maior gôsto que tive.

      Assi, se minha alma vive,

      Foi porque me defendia

      Desta dor esta alegria?

      O bem, que Amor me não deu

      No tempo que desejei,

      Quando delle me apartei,

      Me confessou, qu'era meu.

      Agora que farei eu,

      Se a fortuna me desvia

      De lograr esta alegria?

      Não sei se foi enganado,

      Pois me tinha defendido

      Das íras de mal querido,

      No mal de ser apartado.

      Agora peno dobrado,

      Achando no fim do dia

      O princípio da alegria.

– oOo —VILLANCETE PASTORIL

      Deos te salve, Vasco amigo.

      Não me fallas? Como assi?

      Bofé, Gil, não 'stava aqui.

Voltas

      Pois onde te hão de fallar,

      Se não 'stás onde appareces?

      Se Magdanela conheces,

      Nella me pódes achar.

      E como te hão d'ir buscar

      Aonde fogem de ti?

      Pois nem eu estou em mi.

      Porque te não acharei

      Em ti, como em Magdanela?

      Porque me fui perder nella

      O dia que me ganhei.

      Quem tão bem falla, não sei

      Como anda fóra de si.

      Ella falla dentro em mi.

      Como estás aqui presente,

      Se lá tens a alma e a vida?

      Porqu'he d'hum'alma perdida

      Apparecer sempre á gente.

      Se es morto, bem se consente

      Que todos fujão de ti.

      Eu tambem fujo de mi.

– oOo —OUTRO PASTORIL

      Porque no miras, Giraldo,

      Mi zampoña como suena?

      Porque no me mira Elena.

Voltas

      Vuelve acá, no estês pasmado,

      Mira que gentil sonar!

      Como te podrá mirar

      Quien no puede ser mirado?

      Y que bueno enamorado!

      No dirás, si es mala, o buena?

      No, que me hizo mudo Elena.

      Mira tan dulce armonía,

      Déjate dessos enojos.

      Tengo clavados los ojos

      Con que mirar te podia.

      Ansí Dios te dé alegría:

      No vés cuan dulce que suena?

      No, porque no veo Elena.

– oOo —OUTRO PASTORIL

      Crescem, Camilla, os abrolhos

      De chorares por Cincero:

      Não he muito, que lhe quero,

      Belisa, mais que meus olhos.

Voltas

      Sempre os teus olhos estão,

      Camilla, d'ágoas banhados.

      De se verem desamados

      Póde ser que chorarão.

      Si, mas crescem os abrolhos,

      E tu cegas por Cincero.

      S'eu não vejo quem mais quero,

      Para que quero mais olhos?

      Se se foi ha mais d'hum mês,

      Teus olhos não cansarão?

      Não, que apos elle se vão

      Estas lagrimas que vês.

      Fazem logo estes abrolhos

      O mato espinhoso e fero.

      Pois eu não vejo a Cincero,

      Isso só verão meus olhos.

      Chorando queres morrer?

      Mais quero viver chorando.

      Tu não vês que vás cegando?

      Se cego, como hei de ver?

      Põe na vista outros antolhos.

      Não posso, nem menos quero.

      Outra para outro Cincero,

      Antes não quero ter olhos.

– oOo —A HUMA MULHER, QUE SE CHAMAVA GRACIA DE MORAESMote

      Olhos, em qu'estão mil flores,

      E com tanta graça olhais,

      Que parece que os Amores

      Morão onde vós morais.

Volta

      Vem-se rosas e boninas,

      Olhos, nesse vosso ver;

      Vem-se mil almas arder

      No fogo dessas meninas.

      E di-lo-hão minhas dores,

      Meus suspiros e meus ais;

      E dirão mais, que os amores

      Morão onde vós morais.

– oOo —MOTE

      Quem